terça-feira, 22 de março de 2011

IMPIEDOSO TEMPO



Condorcet Aranha


O tempo impiedoso me judia e passa...
Remo-o no presente, o passado, e sofro...
Os dias se acumulam e minha tez amassa...
A brisa matutina mais parece um sopro...
O sol do amanhecer já nem tem muita graça...
A alma fica dura, fria e enrijece...
A mente me condena, inquiri e ameaça...
O coração fracassa, nem sequer me aquece...

O tudo que se foi, não há mais quem refaça...
Diluem as esperanças nos rios da verdade...
As ilusões acabam em nuvens de fumaça...
A alma se alimenta com trufas de saudade...
O horizonte afasta e não mais me atrai...
Paixão é fogo brando, nem sequer me arde...
Sonhar é um repente, a seguir se esvai...
Que a noite eterna venha, porém, bem mais tarde...

Embora impiedoso o tal tempo passe...
A derrubar castelos quase indestrutíveis...
Vertendo as ilusões em lágrimas na face...
Parece que há reservas imperceptíveis...
Então, o coração, já quase combalido...
Nos pulsa os versos, tristes, de felicidade...
Por toda alegria de já ter vivido,
Momentos de amor, nas trufas de saudade...

Bebendo nas lembranças o néctar divino...
Contenho a minha sede do desconhecido...
Porquanto se não sei, sequer, o meu destino...
Prefiro me fazer de velho esquecido...
Então, a realidade que jamais demora...
Fará, o tempo e nós, passarmos sem piedade...
Tal qual filete d’água que logo se evapora...
Na busca de um futuro que nem é verdade...
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Concluído o poema, o declamador seguirá declamando apenas as palavras em negritos para conclusão do texto.

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