sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Condorcet - ALPAS XXI - INVERDADES


Condorcet Aranha agradecendo a homenagem feita pelos amigos da ALPAS XXI. Neste dia também foi o lançamento do livro Inverdades.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

SÓ POR UM DIA + VERSOS DIVERSOS



ONDE TUDO COMEÇOU





Em 1999, Condorcet começou a escrever todos os dias e incentivado pela esposa e seus filhos, resolveu testar seu dom inscrevendo no concurso APEIJAS Associação de Poetas e Escritores Independentes de Jaraguá do Sul com a poesia "Só por um dia" que obteve o 1º Lugar recebendo medalha de ouro e participação na Antologia "Poetando e Contando".

SÓ POR UM DIA  
                                                
Quem julga ter nas mãos a felicidade
Ou só de longe sonha com amor eterno,
Quedar-se-á dessa mentira ou doce vaidade
E ingressará, não no céu e sim no inferno.

Perceberá que  cada dia tão sonhado e lindo,
Que cada, abraço,  beijo de tantos momentos
E cada palavra meiga que o deixou sorrindo,
Eram incertezas, nunca verdades, se perderam aos ventos.

Aqueles dias, tão chegados e de amor explicito,
Palavras francas em lábios a roçar ouvidos,
Clamores de desejos pelos lábios ditos,
Foram  injúrias, disfarces, eram rugidos.

Anos se passam e as verdades chegam,
Mentiras partem e o amor dilui,
As alegrias, como o amor, também
E pelas dores, faz-se apenas “ui ”.

Mas caminhamos e sempre firmes,
Buscando ao fim, no mais fatal dos dias,
Onde, talvez até encontre novamente,
Não o amor, mas alegrias.

Também o que seria dessa vida chata,
Se até o amor pudesse se curtir ?
Pensar-se-ia, ser o homem a grande nata,
Chorando no fatal dos dias, não querendo ir.

Com a certeza e a dor que amarga e une,
Evidencia que ao passar da vida,
Foi mau aluno, pecador impune
E que até chamou-a de querida.

Já descobertas, embora a tempo, em vão,
Empilhará as falhas, dessa vida, ingratas,
Atirando-as, ao grande lixo da desilusão,
Para o futuro preparar-lhe “erratas”.


Seria até maior, a dor dessa desilusão,
Se, caminhando na amargura mentirosa,
Sentisse ao peito o palpitar de um coração,
Cujas mentiras o mantivesse prosa.

Mas não se sinta, nunca amargurado,
Jamais também, se alegre dessa vida,
Pois certamente se um dia, foste amado,
Também é certo, só um dia, é o da partida.







Em 2001, o poeta Condorcet Aranha, iniciou sua vida Literária lançando o seu primeiro livro Versos Diversos foi a partir daí que ele começou a participar de concursos, onde alcançou resultados inesperados para um iniciante, pois teve que romper diversas barreiras devido a sua formação que não era da Literatura.
Dos 70 concursos dos quais participou em 2001, nas categorias poesia, contos e crônicas, Condorcet Aranha recebeu 52 premiações e uma menção honrosa em Portugal. Em 2002, foi um dos 12 autores brasileiros selecionados pelo Prêmio Literário Internacional Marengo D'Oro. A comissão do júri, formada por intelectuais de Gênova, Firenze, Milão e Roma, na Itália, considerou o trabalho de Aranha, "Versos Diversos" (poesia), como o quarto melhor na classificação geral do evento, que premiou autores nas categorias verso, prosa e ensaio de comunidades de língua portuguesa, castelhana, francesa e inglesa.

ACADEMIA DE ARTES, CIÊNCIAS E LETRAS CASTRO ALVES


O Poeta Condorcet Aranha ocupava a cadeira nº 3 como Acadêmico Correspondente da Academia de Artes, Ciência e Letras Castro Alves de Porto Alegre, onde o Patrono é o Ramiro Fortes Barcellos.



segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

INVERDADES




A coletânea foi feita em homenagem ao escritor Condorcet Aranha, lançada pela Alpas 21 em parceria com a Editora Alternativa, organizada por Rozelia Scheifler Rasia, Alba Pires Ferreira, Ilda Maria Costa Brasil e pelo editor Milton Pantaleão.
A capa foi projeto de Sonia Orsiolli, a partir da tela da Artista Plástica Ana Paula Costa Brasil, e a editoração eletrônica foi do Roberto dos Reis Francisco. A impressão foi da Gráfica Calábria.

A Família Aranha agradece a todos escritores que participaram da coletânea Inverdades e do evento de lançamento que foi um sucesso. Parabéns a todos.

VERSATILIDADE


Esta é uma obra que reúne poemas verdes, aqueles que representam a mais pura originalidade, sem correções, sem retoques, expressando a verdade do momento vivido pelo autor. Mostra também as marcas do amadurecimento da alma quando as palavras se instalam em versos, expressando sentimentos reais. Versatilidade é algo que se adquire ao longo dos anos enfrentando ou vivendo situações para as quais não nos preparamos. Porém elas chegam quase sempre de surpresa e precisamos atendê-las ou resolvê-las da melhor maneira possível. Assim é a vida. Temos de aceitá-la, abraçá-la até último instante e, principalmente, agradecê-la por nos permitir que nossas evidências e ações permaneçam para a eternidade. Ninguém pode dizer que destino a posteridade reserva para nossas palavras e experiências, mas o futuro, certamente terá a resposta.

Quem quiser adquirir o livro segue links:




sábado, 25 de dezembro de 2010

LAÉRCIO DOS SINOS

Condorcet Aranha


      Com seus oitenta anos de vida Laerson era um dos moradores daquela estreita rua, na pacata cidade de Ferrugem. Conhecido por todos os habitantes, não muitos, aliás, já que ali mesmo havia nascido. Jamais deixou de montar o seu pequeno presépio no galpão que tinha nos fundos de sua residência. Muito religioso, mantinha ali pendurados um grande crucifixo de madeira que ele mesmo havia feito; uma velha bicicleta amassada e um retrato do seu casamento com a falecida esposa Ismênia.
      Sua vida foi comum, como a de tantos outros moradores da cidade, muito trabalhador, confeccionava e recuperava sinos para as igrejas e se orgulhava quando às dezoito horas, eles badalavam ao som da Ave Maria, nos rádios de todas as casas em alto e bom som.
      Tinha a convicção de que os sinos eram: o prenúncio da paz, que traziam da alma e liberavam no mundo o amor puro, sem pretensões. Que o seu badalar ninava nos berços a imagem inocente das crianças e alimentava de esperanças àqueles que, se dispunham a ouvi-lo no dia seguinte.
      Laerson era um sonhador inveterado, tratava dos sinos como seu filho fosse, cobria-lhes de atenção e carinho cuidando com afinco de detalhes que só ele percebia. Os sinos eram o seu confidente, com eles conversava boa parte dos dias e não poucas vezes, dormia no galpão para vigiá-los. Contam os que mais de perto conviveram com Laerson  que, certa vez, ao receber para recuperar um valioso sino da Matriz da Capital, passou uma semana inteira enfurnado no galpão, onde inclusive fazia as suas refeições e dormia. 
      Até hoje, todas as tardes, às dezoito horas Laerson badala seu sino pendurado no galpão e ali ora a sua Ave Maria, diante da foto de casamento, do crucifixo de madeira e da velha bicicleta, um ritual que dura mais de cinquenta anos. São realmente muito fortes as lembranças que lhe chegam e, apesar de sua idade, jamais esmoreceu e vive cada dia com a maior intensidade possível.
      Numa noite de inverno, com muita chuva e vento, por volta das vinte e duas horas, o sino do galpão tocou por várias vezes deixando os vizinhos curiosos. Afinal, por que razão Laerson teria badalado seu sino naquele horário? Estaria corrigindo o timbre do mesmo? Mas nunca testou ou afinou seus sinos à noite para não incomodar a vizinhança! Estaria ele dando sinais de caduquice? Estaria com o sino encobrindo o medo do temporal que caía? Muitas foram as conjeturas daquela noite.
      Ao amanhecer apesar da insistente chuva, tudo estava como sempre na estreita rua daquele bairro de Ferrugem, o dia transcorreu normalmente, porém às dezoito horas o sino do galpão de Laerson não badalou chamando para a Ave Maria. Os vizinhos ficaram apreensivos e foram até a antiga casa onde morava. Bateram palmas no portão, chamaram por seu nome, mas nada de resposta. Prevendo o pior, chamaram a polícia que atendeu prontamente. Arrombaram a porta principal e, finalmente no galpão, encontraram Laerson. Ele não estava abraçado a um sino, nem tão pouco ao retrato de casamento e sim, à velha e amassada bicicleta, porque na vida, temos muitos amores que se perdem pelo tempo, assim como as saudades que arrefecem, porém só um é eterno e não perde a intensidade. Naquela bicicleta velha e amassada pelo caminhão, Laerson revivia a cada dia a sua maior tristeza por ter perdido o filho, mas também revivia todas às vezes que a olhava, seu último sorriso, exibido no dia em que a recebeu de presente.

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O verdadeiro nome deste conto é "Laerson dos Sinos" por equívoco foi divulgado como: "Laércio dos Sinos".
Este conto obteve o primeiro lugar  no 1º Concurso Literário Buriti Cronicontos

CLUBE DE ESCRITORES DE PIRACICABA

O Poeta Condorcet Aranha recebeu o Título "Persona Mundi" por sua atuação no cenário da Literatura Internacional.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O POETA VIROU POESIA

CONDORCET ARANHA, ESCRITOR ÍMPAR!



Ilda Maria Costa Brasil



Como ninguém, engrandeceu
O meio literário com singularidade e,
Notoriamente, seus poemas e prosas
Deram prazer, encantamento e
Orgulho aos seus admiradores.
Religiosidade, respeito,
Companheirismo, solidariedade,
Entusiasmo, fé, sabedoria,
Ternura e subjetividade


Aromatizavam seus caminhos,
Repassando-nos esperança,
Alegria, fraternidade e amor.
Naturalidade, simpatia, equilíbrio,
Harmonia e espontaneidade, sempre,
A todos transpassou.

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Está foi uma homenagem da Poetisa Ilda Brasil ao Poeta Condorcet Aranha.
A Família Aranha agradece e fica feliz pelo reconhecimento.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

NATAL 2007-2010

Condorcet Aranha



Vinte e cinco de dezembro, é mais um que estou vivendo,
Passam anos, tudo igual, o Natal está morrendo.
O sentido sacro-santo, desta festa divinal,
É comércio, simplesmente, nada mais, ponto final.


Os presépios que se armavam, pelas salas de jantar,
Despertando o olhar atento, da criança inocente,
Nem sequer, pelas vitrines, hoje, ocupa algum lugar,
Pois, não tange a alma fria, desta pobre e louca gente.


Só nos resta invocar: Misericórdia ao bom Deus;
Pedir perdão a Maria e ao seu filho Jesus,
Por todo seu sacrifício ao ser pregado na cruz.


Porquanto o homem moderno, que pensa apenas nos seus,
Não vê sentido na vida, desconhece a caridade,
Está perdido no mundo, não nos deixará saudade.


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Obs.: Este poema foi feito no Natal de 2007, não foi feito revisão e nem sabemos se está finalizado. Porém a mensagem vale para refletirmos nos dias de hoje.

sábado, 18 de dezembro de 2010

ARTS-SCIENCES-LETTRES

O Poeta Condorcet Aranha recebeu a insígnias de prata como laureado da Sociéte Académique D´Education  Et DÉncouragement de París.





 
A família Aranha agradeçe às grandes alegrias que o Poeta Condorcet Aranha continua tarzendo para todos nós.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SÃO MUITOS “PAPAIS NOEL” PARA POUCOS NATAIS

Condorcet Aranha


       Não são poucas as décadas que venho vivenciando natais, em circunstâncias às mais variadas e que no fim, parecem-me exatamente iguais.
       Irmanam-se, falsamente, homens de diversas etnias e, em torno de uma imagem mais falsa ainda, a quem denominam de “Papai Noel” , com a qual fazem questão de mentir e criar na mente de seus próprios filhos, um gigantesco ídolo de desprendimento e de bondade, apesar de sabedores da pura realidade, totalmente oposta. 
       A insegurança e os aterrorizadores índices de criminalidade, revoltam e envergonham os verdadeiros seres humanos e racionais que ainda existem e vivem essas evidências do mundo contemporâneo. 
       Cobertos pelo manto de uma globalização mentirosa e facciosa, milhões de “Papais Noel” são enviados pela corja capitalista, minoritária mas dominante, em cujas mãos desumanas, são ajustadas as rédeas de corsários inocentes ou complacentes a puxarem as carruagens onde transportam, sem nenhum respeito ou conhecimento de causa, os destinos da civilização do planeta. Aliás, desculpem-me todos os seguidores da verdade se apenas a palavra é minha arma, porém tenho a nítida consciência de que com ela, se irmanados em nosso propósito de vida e de desenvolvimento cultural, alicerce de qualquer sociedade racional, dispararmos as balas da verdade, respeito à cidadania, democracia plena e honestidade, certamente executaremos sem piedade esses “Papais Noel” corruptos, prepotentes, infiéis, subjugados aos interesses internacionais de um grupelho de nações insensíveis que hoje administram a Terra. São esses malfadados “Papais Noel” que carregam em seus bolsos os doces e balas coloridas, com os quais traem e corrompem as nossas crianças, desde a mais tenra idade. 
       Há de se voltar no tempo, a imagem de Papai Noel, e recoloca-la no devido lugar, aquele único, o mesmo para todas as crianças e não, a desses “Papais Noel” de esquina ou de cadeiras no interior de lojas comerciais, travestidos com as mais repugnantes “caras-de-pau”, desvirtuando irresponsavelmente a imagem daquele que deveria representar o respeito, carinho, amor inocente e atenção pra nossos filhos. São infelizes que vencidos pelo sofrimento de conviverem com a miséria que lhe é imposta, por aqueles que nessas horas os contratam, se sujeitam por insignificantes reais a desempenharem esse papel desumano, querendo obter esse recurso tão pequeno e até insuficiente para que ele possa presentear seu próprio filho ou neto, esmagando seus princípios éticos e de cidadania.
       Que, cada cidadão desse meu País, reverencie e respeite as imagens dos verdadeiros ídolos e os dignifique. Vulgarizar, descaracterizar e desmistificar a imagem pura do único e virtual, Papai Noel, que apenas existe nas pequeninas e inocentes cabeças de nossas crianças, é como invadi-las, rasgar-lhes o peito e retirar lá de dentro, os acelerados corações, deixando-os a palpitar sem sentido, sem ilusões, sem esperanças, sem amor e destituídos da fé, de que um futuro melhor ainda poderá existir. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

PAPAI NOEL É SÓ UM




Condorcet Aranha

       Estávamos nas duas últimas décadas do segundo milênio, já não era tão infantil e muito menos tinha compreensão suficiente para entender determinados fatos e acontecimentos. Era sim, uma criança saudável e como todas, extremamente curiosa e esperançosa em cada dia que amanhecia. A cada sol uma nova descoberta dourada e em cada lua um novo sonho de prata, pois assim é a vida, enquanto não carregamos na alma, as máculas do breu que tomam o interior das cavernas, onde se escondem as transgressões, os pecados e desilusões. 
       É o punhal certeiro do discernimento que, impiedosa e infalivelmente, penetra em nosso coração, perfurando-o e fazendo com que escorra e se perca, inevitavelmente, o verde mar da inocência, dando lugar às intempéries da razão que nos levarão, juntamente com as incertezas, a poluir os rios do futuro, os quais despencarão como fortes cachoeiras do arrependimento.  
       Áttila, acabara de completar seis anos, era um dia 24 de dezembro e, a meia noite, deveria receber a visita de Papai Noel. A ansiedade conduzia o ritmo das batidas de seu coração, dentro do qual nada mais encontraria lugar senão o “Bom Velhinho”.
       Valentina, sua mãe, como tantas outras, fazia com que ele a cada momento, fosse tomado por uma expectativa ainda maior. Lembrando-lhe dos seus pedidos, feitos na “cartinha” que ela havia escrito para ele e enviada ao Papai Noel, aguçava impiedosamente o desejo do menino.
       Naquele dia a vida de Áttila se transformava e, cada hora revestia-se de novidades, com um misto de angústia e vontades. Os doces e bolos, as castanhas, as nozes e nem mesmo toda a ceia, conseguiam ocupar o primeiro lugar no pódio dos seus pensamentos.   
       Especialmente naquele natal, ele queria desvendar alguns mistérios, entre os quais o porque de, em todos os natais, seu pai estar ausente, justo na hora em que o “Bom Velhinho” chegava com os presentes. Ele estava muito atento, tomando conta de cada passo e movimento de sua mãe.
       O relógio da sala badalava onze horas da noite, na próxima, Áttila deveria estar recebendo a visita de Papai Noel. Aquele momento, seu pai não havia chegado em casa. Valentina também estava impaciente e, como sempre, muito linda. Ela acabara de se arrumar e pintar-se. 
       O telefone tocou, ela correu ansiosa para atende-lo. 
       Áttila chegou até à porta da sala e ficou observando. 
       Sua mãe estava com ar de perplexidade, lentamente ela levou o telefone ao gancho. Seus olhos se esmaeceram e deixaram que algumas lágrimas escorressem, levando consigo parte da pintura que acabara de fazer. Seus lábios apertaram-se e em seguida, fizeram um movimento como ao estarem engolindo alguma coisa. 
       Mas Áttila não viu sua mãe mastigar coisa nenhuma! 
       Os instantes seguintes foram de total inércia, silêncio e dúvidas. 
       Valentina aproximou-se do filho, abraçou-o e disse-lhe: 
        - Papai Noel não poderá vir hoje aqui em casa. 
        - Porque mamãe? 
       Depois de pensar por alguns instantes respondeu-lhe: A bem da verdade, ele não virá nunca mais. O avião que trazia seu pai, saiu da rota e há mais de dez dias está perdido e sem fazer contatos. A partir desse natal, teremos que nos contentar um ao outro. 
       Áttila acabava de deslindar o mistério que tanto perseguiu e, ao invés de contente, estava muito triste. 
       Os anos seguintes foram sempre iguais, os natais não tinham mais brilho e nem alegria para aquele menino. 
       Para Valentina era ainda pior. Ela não se arrumava, nem se pintava nessa data. Sua aparência, cabisbaixa e triste, envelhecia rapidamente. Mas inevitavelmente, em todos os dias 24 de dezembro, deixava sobre a cama do filho, à meia noite, algum presente.
       Estávamos no início do terceiro milênio, as torres gêmeas do World Trader Center em New York vieram abaixo, quando dois aviões terroristas lançaram-se contra elas. Foi um impacto mundial, porque a tecnologia contemporânea permitira que o mundo presenciasse a investida do segundo avião terrorista em tempo real, pela televisão. Coisas do progresso. Porém, da mesma forma com que as informações nos chegam tão rápidas, mais facilmente as descartamos em seguida. São como as ondas do mar chocando-se contra as pedras. Quanto maior é a fúria com que chegam, mais espuma fazem e em contrapartida, dissolvem-se com velocidade ainda maior.
       O sentimento humanitário vai dando espaço às coisas materiais e principalmente aos números. Passa-se a viver muito mais em função das vantagens do que das virtudes. Principalmente os que sobrevivem das letras, tentando arruma-las de forma a trazerem a paz, o amor, o respeito, honestidade e dignidade, têm que lutar sem tréguas para que não vejamos sucumbir, irremediavelmente vencida, a fé.
       Áttila tornou-se escritor após concluir seu curso de letras e, desde então, vem buscando compreender as diferentes sociedades, as diversas religiões, os grupos folclóricos, o comportamento e os costumes das diferentes raças, enfim, corrói-lhe o desejo de entender melhor ao homem, esse mequetrefe da natureza.
       Novamente é véspera de natal, já no terceiro milênio, ele está sentado à poltrona, colocada do lado direito da televisão. No lado oposto, no sofá, está sua mãe. Como sempre de olhar triste e conversando com Áttila, em tom de voz baixa e pausada. 
       A campainha toca, faltam vinte minutos para a meia noite. Áttila levanta e dirige-se para a porta. Valentina alerta-o: 
        - Cuidado! Quem pode ser nessa hora?
        - Vou ver! 
     Cautelosamente, ele abre pouco a pouco a porta, o suficiente para certificar-se de quem era. Um senhor de cabelos e barba brancos, diz-lhe “boa noite”, em seguida perguntou por Valentina:
        - Por favor, gostaria de falar com a Dona Valentina. Poderia chamá-la, por gentileza? 
        - Pois não! Áttila respondeu-lhe.  
       Chamou sua mãe que, vagarosamente, dirigiu-se até a porta. Ao ver o senhor ficou atônita e dessa vez, seus olhos brilharam intensamente e deixaram escorrer, não algumas, mas muitas lágrimas sobre a face pálida e sem pintura. 
        Olhou para Áttila e disse-lhe: 
         - Nosso Papai Noel voltou! 
        Ato contínuo ele os abraçou e num reflexo imediato, agradeceu aos céus.
      Entraram na sala, sentaram-se ao sofá e aí, o Papai Noel começou a narrar uma longa estória. Contou-lhes cada detalhe, todos os fatos e acontecimentos, desde o dia em que o avião perdeu-se da rota. Que por falta de combustível foi obrigado a realizar um pouso forçado dentro de uma mata.
       O sol já brilhava, muito mais dourado do que jamais Áttila e Valentina teriam visto. Naquela manhã de 25 de dezembro, nem escutaram as badaladas do relógio.
       Refeitos das emoções do reencontro e mais calmos, Valentina perguntou ao filho se não iria pegar o seu presente, sobre a cama. Pela primeira vez ele houvera esquecido. Pediu desculpas e foi busca-lo. - Uma linda camisa e junto estava um cartão: “Filho, não se deixe esmorecer nessa vida. Acredite naquilo que almejas e tenha certeza de que o Papai Noel, jamais lhe faltará.”
       Áttila voltou para a sala e entre lágrimas abraçou-se à mãe e também ao pai..
     Mário, o pai, pegou em seu bolso um lindo relógio de pulso e passou às mãos do filho. Aquele era o presente que Áttila lhe havia pedido a duas décadas do fim do segundo milênio. Sorriu-lhe, colocou sua mão direita no ombro do filho e, quase num sussurro, disse: 
       - Papai Noel é só um.
             

PRESÉPIO DA VIDA




Condorcet Aranha


Uma casa de sapé,
José, Maria e Jesus,
Sem cuidados, sem conforto,
Sem água, também sem luz.

Nos corações, esperanças,
Depositam em Jesus,
Que ficará nas lembranças,
Com as mãos pregadas na cruz.

Simbolizando o fiel,
Dos homens o mais perfeito,
Quando desceu lá do céu,
Venceu o mundo a seu jeito.

Na vida plantou amor,
Dividiu todo o seu pão,
Sofreu sem sentir a dor
E a todos deu sua mão.

Implantou em muitas mentes,
Dessa enorme humanidade,
Que só o bem é presente,
Vencendo qualquer maldade.

Seu ideal muito nobre,
Merece o nosso louvor,
O resultado foi pobre,
Mas tem de nós o amor.

Edifícios de concreto
José, Maria, Jesus,
Com cuidados e conforto,
Muita água e muita luz.

Nos corações esperanças,
Depositam em mil “Jesus”,
Que ficarão nas lembranças,
Com as mãos pregadas na cruz.

Simbolizando aos fiéis,
Dos homens, os mais perfeitos,
Terão um lugar no céu,
Obtido, em seus direitos.

Por só plantarem o amor,
Dividirem o próprio pão,
Não exprimirem a dor
E a todas mãos, dar a mão.

Implantaram em muitas mentes,
Dessa enorme humanidade,
Que só o bem é presente,
Vencendo qualquer maldade.

O ideal muito nobre,
Terá o nosso louvor,
O resultado bem pobre,
Merecerá nosso amor.

Seja a casa, de sapé,
Ou de concreto o edifício,
Ficar na ilusão, bom não é,
Quero ver o benefício.

Crimes e guerras, presentes,
Do passado e do futuro,
Fazem e farão sofrer, gente,
Isso eu garanto, é seguro.

No presépio dessa vida,
Nos sapés ou nos concretos,
Da mente livre, incontida,
Seremos sempre objetos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A ÁRVORE DE NATAL




Condorcet Aranha


Ali estava ela ao alcance de minhas mãos, enfeitada.
Podia sentir suas formas, texturas, venturas,
O aroma das folhas, as ranhuras da casca molhada!
Chovia. Era noite esperança entre minhas procuras,
Era a ânsia do eu entre a fé e a crença, perdidas,
Lutando por sol numa noite de breu, sem estrelas, às escuras.


Uma nova ilusão, esperança ou derrota, num presente contexto,
Que o natal traz do céu para um novo sonhar, este filho de Deus,
Com poderes capazes de atender meu anseio, entender meu pretexto,
De pôr estrelas de sonhos frustrados que tenho e são meus,
Inimigos da fé e inocentes palavras as quais escrevo ao compor este texto.
Um texto verdade, sentimento da alma a fugir dos ateus.


Qual a cor dessas folhas, da casca molhada que altura tu tens?
Onde estão as raízes, no fundo do chão que terá pra guardar todo resto de mim? 
Quer que eu diga: És linda? Que és companheira ou lhe dê parabéns?
És, talvez em verdade, também a passagem que assim como eu, a momentos do fim,
Quem sabe se, nós, pelos fins derrotados, sejamos dois “trens”?
Sucumbindo, só isso, cumprindo seus ciclos, tu viras papel e eu viro Caim?


Por diversos natais já passamos a vida com muito em comum,
Dois pedaços de tempo buscando a razão ou sentido do ser,
Que serão esquecidos, ou por poucos lembrados, talvez só por um,
Pelo Deus, se existir, que te viu ser papel e não quis me atender,
Nos deixando no mundo perdidos no tempo, sem conforto nenhum,
Sem poder enxergar no confronto com a dor, mas sentindo o sofrer. 




Observação: Quando o declamador terminar a poesia, prosseguirá com a leitura das palavras em negrito a fim de concluir a declamação e o texto.    




Ali estava ela, podia sentir suas formas, o aroma das folhas.
Chovia. Era a ânsia do eu, lutando por sol, uma nova ilusão,
Que o natal traz do céu, com poderes capazes de pôr:
Estrelas de sonhos, inimigos da fé, um texto verdade.
Qual a cor dessas folhas? Onde estão as raízes? Quer que eu diga: És linda? 
És talvez na verdade também, a passagem quem sabe, sucumbindo, só isso.
Por diversos natais, dois pedaços de tempo, que serão esquecidos,
Pelo Deus, se existir, nos deixando no mundo, sem poder enxergar.


Observação: “trens” = termo utilizado pelos habitantes de Minas Gerais, Brasil, com significado de: “coisas sem valor; que atrapalham”.

domingo, 12 de dezembro de 2010

UMA NOITE DE NATAL




Condorcet Aranha

Noite de 24 de dezembro de 1945, os traumas da Segunda Grande Guerra, recentemente, terminada, estavam se arrefecendo e as famílias voltavam aos seus hábitos normais. A inquietação já não mais existia, pouco a pouco, a alegria ia se estampando em cada rosto. Os sorrisos se multiplicavam, os casos dramáticos vividos nas frentes dos combates, não encontravam mais espaço na imprensa escrita da época. Ao cair da tarde as crianças voltaram a brincar nas calçadas. Os adultos traziam suas cadeiras à frente de suas residências e ali se encontravam, trocando idéias e fazendo comentários, só que o assunto era o futebol e, para as mulheres a moda e os vestidos, sapatos, além dos volumosos penteados. Mas no mundo infantil, o dono da mídia era o Papai Noel, a curiosidade de saber quais os brinquedos pedidos e que seriam trazidos pelo bom velhinho, era o assunto que lhe interessava. Que bom ser criança, poder ter a inocência de dar as suas mãos a qualquer pessoa, sem a preocupação de seus desígnios.
       Já avançava a noite quando nossos pais, nos recolheram , junto com suas cadeiras, para dentro  de casa. A curiosidade e a ansiedade eram sócias inseparáveis, as batidas dos pequeninos corações aceleravam celeremente, as perguntas mais do que óbvias que eram repetidas em intervalos cada vez menores: a que horas que o Papai Noel chegará?       Poucas horas e minutos intermináveis. Os ponteiros do velho relógio de parede, pareciam estar colados ao mostrador e os segundos batidos pelo badalo, “tic-tac” , “tic-tac”, ainda aguçavam mais a expectativa, a descarga de adrenalina era intermitente e minha mente não descansava, sequer por um único segundo, fabricando barulhos de portas e janelas. Gritava eu: Papai Noel chegou!  Em seguida respondiam meus pais e avós, não! Foi apenas o vento batendo as folhas da janela. Era como uma pedra de gelo colocada na fervura do meu sangue que já circulava a flor da pele. Cada vez que dirigia meu olhar para o velho relógio, lá estava ele, preguiçoso e cada vez mais devagar. Ai eu pedia para o meu avô: dá mais corda no relógio. Sua resposta era uma grande gargalhada.
       Colocada à mesa, a ceia, por sinal, bastante lauta, onde a rabanada e o champanhe eram imprescindíveis, juntamente com as castanhas, nozes e muitas outras guloseimas, heroicamente eu resistia à tentação, tamanha era a minha expectativa. Finalmente vencido pela boca do estômago, sentei-me ao lado da mesa, e minha mãe, como sempre, generosamente serviu-me com a sua costumeira paciência e o que é melhor, carregando nas iguarias que, já sabia de cor, eram de minha preferência. Ah!.. Que saudades daquela imagem à semelhança de santa.
       Concentrado na ceia e sistematicamente olhando para o relógio da parede, nem percebi a ausência de meu pai, por alguns instantes, tempo suficiente para que todos os presentes, fossem, cuidadosamente, colocados ao lado de minha cama. Voltou para a mesa e nem dei pelo fato. Que saudade daquela inocência! Como seria importante, se pudesse mantê-la em meu peito. De repente, sem que eu esperasse, disse minha avó: parece que escutei barulho na porta da rua! Um frio correu minha espinha dorsal. Disse meu avô: será que o Papai Noel chegou?  
      Quase que afirmativamente, minha mãe completou: acho que sim? Nesse momento, faltaram-me o fôlego e a coragem. Senti minhas pernas trêmulas, levantei-me cauteloso e lentamente dirigi-me pelo corredor, ao avistar a porta de meu quarto, ainda fechada, olhei para a bandeira da porta e lá estava ele, sorrindo para mim, aquele rosto de linhas fortes, cabelos longos como a barba e o bigode, todos muito brancos. Sai gritando, de volta para a sala, Papai Noel... Papai Noel ... Eu vi o Papai Noel ... Ah se pudesse ainda hoje, ter toda aquela fé e expectativa, capazes de concretizarem minhas ambições sentimentais. A força interior suficiente para mudar o curso de tantas mazelas e injustiças que ao longo dessa minha vida, tenho tido o dissabor de presenciar! Porque tantos problemas e discordâncias têm que existir entre os homens? Porque tanta violência? Tanta insegurança? Mas não desanimei e, espero que todos vocês façam o mesmo, continuem suas trajetórias, persistam firmes nos seus propósitos decentes e honestos de vida e de convivência, com seus peitos e corações abertos, emanando a expressão mais singela, o amor, porque como eu, naquela noite de 24 de dezembro de 1945, pouco depois de os ponteiros se encontrarem na parte superior do mostrador daquele velho relógio de parede, como minha avó me ensinara, ao adentrar a porta de meu quarto, ainda receoso pelo impacto da presença de Papai Noel, lá estavam todos os meus desejos, satisfeitos e cuidadosamente arranjados ao lado de minha cama. E se lá estavam, tenham certeza, é porque eu fiz por merecê-los, pois a minha vontade de vencer foi tamanha e a honestidade dos meus propósitos tão reais que, a natureza não pode evitar-me e acabou por satisfazer todos os meus anseios. Alcancem também os seus.

sábado, 11 de dezembro de 2010

NATAL CRUZ

 





Na manjedoura nasceu,
A esperança do mundo,
Mas conta, ninguém se deu,
Que no azul do céu, profundo,
Um Deus, a nós, prometeu,
Fazer o amor fecundo,
No exemplo do filho, o seu,
Preso à cruz, qual vagabundo.



Quem ama não pensa em guerra,
Nem sequer no material,
Divide a própria terra,
Faz oposição ao mal.
Bandeira branca descerra,
Nunca briga, é racional,
Pois sabe que a vida emperra,
Ao agir como animal.


José, Maria e Jesus,
Família santificada,
Que a humanidade conduz,
Foi pobre, meiga e marcada,
Mas teve em Cristo um chapuz,
Da fé já quase acabada
E que fez do amor, a luz,
Que a Deus, foi logo ofertada.


Desde criança, eu me lembro,
O Natal é festejado,
Aos vinte e cinco de dezembro,
Com o presépio montado,
Sobre um móvel e eu, manembro,
Pelo presente, abastado,
Não via que o novo membro,
Era Jesus, o Sagrado.


Com tanto amor e bondade,
Levantava sua mão,
Pedindo ao Pai piedade,
Para ofertar o perdão,
Como expressão da verdade,
Ao pecador que, então,
Deixava a felicidade,
Tomar o seu coração.


Ao converter para o bem,
Mais um irmão desgarrado,
Tinha a certeza também,
Que ali seria apagado,
O fogo do mal que alguém,
Inconseqüente ou malvado,
Negasse até o amém,
Do filho santificado.


Mas quando à cruz foi pregado,
Sentindo na carne a dor,
De agressões animais,
Abriu seu peito ao amor,
Pedindo ao Pai, muito mais,
A compaixão do agressor,
O qual já era incapaz,
De entender o Senhor.


Depois de tantos Natais,
Que pela vida passei,
Ao conhecer canibais
Maldades eu superei,
Alimentei animais,
E até inimigo amei,
Acreditando bem mais,
Do que verdades, falei.


Portanto agora eu entendo,
Porque a paz nos seduz,
Pois ante a carne sofrendo,
Ao se apagar nossa luz
E até o perdão, perdendo,
Recebemos de Jesus,
O alento, ao qual merecendo,
Temos do natal a cruz.