quarta-feira, 30 de outubro de 2013

DESPEDIDA QUE TORTURA

  

O céu nublado e escuro, duro, me castiga,
Também o som da marcha fúnebre e a cantiga,
Acompanhando o corpo inerte da amiga,
Que deixa tanta confusão e me intriga. 
 
Aonde encontrar a paz e me livrar,
Das rédeas do poder incauto e cruel?
Chorar nas tiras da mordaça, ou soltar
Nos versos, meu repúdio pra me libertar?

A solução eu sei que é não ser omisso,
E então tomar a posição que, acredito,
Será melhor para firmar meu compromisso,
Com a verdade e deixa-la por escrito.

Assim, meus versos pulsam puros, nus e crus,
Alivia-me a angústia que no peito arde,
E a enorme sensação de impotência é a cruz,
Que levarei à morte embora até me tarde.

Não deixarei a amiga que hoje está morta,
A repousar no túmulo da eternidade,
Sequer permitirei sentir que me conforta,
Lembrá-la dia a dia só como saudade.

É meu dever ressuscitá-la e o farei,
Com fé, coragem e responsabilidade,
Sem me importar com a dor e o tanto que chorei,
Conseguirei traze-la com a força da vontade.

De volta, a forte amiga as rédeas cortará,
Não só do poder ou das tiras da mordaça,
Mas, das arestas pontiagudas ceifará,
A dor que em nossos peitos agoniza e assa.

Ressuscitada ela por certo viverá,
Nos corações de toda nossa humanidade,
E nunca mais um ser sequer contestará,

Ou bulirá com minha amiga Liberdade.

sábado, 19 de outubro de 2013

DILEMA




Dilema é a própria vida,
Não sabemos da chegada,
Nem tão pouco da partida,
Mas sempre é  concorrida.

Desde criança inocente,
Criamos nossos dilemas,
É coisa mesmo da gente,
Com variações de temas.

Já no café da manhã,
Se, vem pão com marmelada,
Diferente da irmã,
Se, quer queijo e goiabada.

Depois, carrinhos, petecas,
Peões, Heróis e o Frajola,
Meninas querem bonecas,
Meninos só querem a bola.

Então aprendem a ler,
Os números e contar,
Alguns gostam de escrever,
Outros de desenhar.

O dilema é sempre parte,
Do nosso cotidiano,
Alguns gostam da arte,
Outros de tocar piano.

Vem depois a adolescência,
Com mentiras e verdades,
Os pais testam a paciência,
Os filhos suas vontades.

Uns preferem namorar,
Outros, só praia e sol,
Alguns gostam de estudar,
Os demais de futebol.

Então vem outro dilema,
Qual profissão escolher,
Ser ator ir pro cinema,
Ou médico é que vou ser?



A profissão nem importa
Se, a faz de coração,
Porque todas abrem a porta,
Da vida e da paixão.

Mas, todos em certa idade,
Querem ter sua família,
Apaixonam-se, verdade,
E ganham filho ou filha.

Aí vem um ciclo novo,
Repetindo-se os dilemas,
Mudam as cenas, muda o povo,
Mas as dúvidas? Centenas...

Chega a hora da partida,
Nem sei se certo ou errado,
Porém dos que tive na vida,
Espero ter acertado.

Deixando como lembrança,
Só meus atos de coragem,
Levando o dilema esperança,

No prosseguir da viajem.