sábado, 20 de abril de 2013

ESTRELAS OU PIRILAMPOS ?






À soleira da porta, sentado,
Coberto por sombras da noite,
Descanso meu corpo malhado,
Depois de um dia de aloite.

Procuro enxergar no horizonte,
Imagens que tragam esperanças,
Mas cedo a verdade, defronte,
São como ilusões de crianças.

O fim dessa estrada que está,
Ali onde os olhos alcançam,
Não param as idéias por lá,
Pois pelo infinito, avançam.

As sombras desenham na terra,
Imagens que vêm da lua,
Que dentro do peito se encerra,
A dor da verdade que é crua.

Não sei se a razão é mais clara,
No brilho da estrela no céu,
Mantendo a visão mais preclara
E o peito apertado e aréu.

Nem sei se a razão é açoite,
Que à luz do fugaz pirilampo,
Pretende mostrar-me na noite,
A dura verdade do campo.

Mas vivo feliz, compartilho,
Com o pirilampo, sozinho,
A solidão que sem brilho,
Faz sombra no peito que aninho.

Saudades eu sei que não levo,
Nem ilusões do horizonte,
O brilho da estrela eu enlevo,
Embora no tempo remonte.

Mas vou buscar na estrela,
A luz desse tal pirilampo,
Pois todas as noites ao tê-la,
Mostrou-me a dureza do ”trampo”.

Morando no céu, com a verdade,
Não corta o meu peito, essa serra,
Da solidão e saudade,
Pois ambas deixo na terra.