sábado, 30 de abril de 2011

MINIREVISTA LITERÁRIA - CONTANTO E POETIZANDO


Condorcet Aranha

ESPELHO DO ADEUS


Na sucessão de espelhos que refletem a vida
Perdi-me muitas vezes nos emaranhados,
Mas pude me encontrar na figura distorcida
E entender a dor cruel dos derrotados.

Então multipliquei imagens nos espelhos,
Complexas ou cobertas de simplicidade
Que agora aos olhos fracos, ardidos e vermelhos
Só fixam a imagem indelével da saudade.

Também me faltam o rumo e as forças desses braços,
Que durante a vida tênue, como as tais mentiras,
Tornaram delicados, hoje, os meus abraços,
Que aguardam compaixão e desconhecem as iras.

Só um desses espelhos me gravará na morte,
A imagem derradeira que não observei,
Não sei se vou pro sul ou chegarei ao norte,
Mas parto acreditando que ainda voltarei.

Porém se houver um bis pra essa vida chata,
A persistir vazia como a de agora,
Não voltarei aqui nem sendo magnata
Pra ser só outra imagem? Quero ir embora.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

AS ÚLTIMAS HORAS

 
Condorcet Aranha

      Belarmino era escritor e poeta dos mais conceituados, porém muito introvertido e, por esta razão, pouco aparecia na mídia literária. Apesar de participar, insistentemente, de concursos literários em nível nacional e internacional, jamais obtivera um prêmio. Suas obras sempre estavam presentes entre as finalistas, porém, quando da classificação, jamais alcançavam uma das três primeiras colocações. Assim, embora a gaveta de sua escrivaninha estivesse lotada de diplomas e certificados de participação, a prateleira acima da escrivaninha era um desafio permanente e mantinha-se vazia há anos.
      Homem de parcos recursos guardava como a prateleira, a esperança de que um dia alcançaria o grande prêmio e até, quem sabe, vencer o acanhamento e participar da solenidade de entrega dos prêmios, conhecer pessoalmente muitos daqueles que sempre abocanhavam os maiores e com eles trocar algumas palavras que, certamente, trariam as orientações necessárias para seu aperfeiçoamento.
      Os anos se passavam, seus trabalhos acumulavam participações nos concursos, a prateleira mantinha-se vazia, na gaveta da escrivaninha não mais cabiam os diplomas e certificados, Belarmino envelhecera e, com ele a prateleira, também a esperança perdia forças.
       Era dia primeiro de novembro de dois mil e quatro, pouco mais das vinte e uma horas quando foi até a padaria comprar alguma coisa para o café da manhã seguinte. Ao sair da padaria, deparou com um pequeno jornal jogado na calçada, parou, deu uma olhada e viu tratar-se de um exemplar do “Divulgação de Concursos Literários”, pegou o jornal, mas nada pôde ler em sua primeira página porque estava muito suja. Virou-a página e ali anunciava Prêmio Contos 2004 Heloísa Maranhão, inscrições até 1° de novembro de 2004, os contos serão enviados exclusivamente pela Internet, colados no corpo da mensagem, pelo e.mail do concurso: falasp2004@yahoo.com.br
       Belarmino pensou, estou nas últimas horas do dia, mas esse fato pode ser a luz que há tantos anos procuro, afinal de contas nunca participei de um concurso pela Internet, preciso encontrar um tema, redigi-lo e encaminhá-lo. Depois de tanto usar a sua imaginação e nada encontrar, pressionado pelas últimas horas, perguntou-se:
-   Por que não expor a minha angústia que também é a da minha prateleira e transformá-la num conto da vida real? Dirigiu-se ao computador e escreveu sob o título de “As últimas horas” todos os desenganos que passou por muitos anos em busca daquele que seria o seu primeiro galardão.
      O destino sempre tem as suas surpresas e, Belarmino foi anunciado, ao final do mês de dezembro, como um dos seis autores ganhadores do Concurso, alcançando pela primeira vez o lugar mais alto do pódio literário. Recebeu além de suas láureas, um lindo troféu de cristal puro e o seu nome foi divulgado por diversos meios de comunicação escrita e falada.
      De volta ao aconchego de sua simplicidade, Belarmino pegou o seu lindo troféu, subiu em uma cadeira e depois de beijá-lo, enquanto, delicadamente, o colocava na prateleira, pronunciava as seguintes palavras:
-    Aqui está o nosso troféu, minha amiga inseparável, após tantos anos de espera, não é? Mas, valeu a pena, pois, só assim, entendemos porque a esperança é mesmo a última que morre. Ao soltar o troféu na prateleira muito velha e totalmente tomada pelos cupins ela se quebrou e, na tentativa desesperada de salvar seu único trunfo, ele caiu da cadeira, bateu a cabeça, registrando com aquela cena as últimas horas de sua existência.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

NO SKOOB

 

 

L'enchantement des chants


Sinopse



"Este livro de poesias é o desmascarar da minha existência, o tudo que enfrentei com imenso prazer ou com tremendo desgosto, porém apenas a verdade de uma vida, da qual nem sei se levo saudades ou fico contente ao descartá-la. Afinal, coadjuvar tantas irreverências, compartilhar de uma humanidade controversa, ser um dos atores dessa novel... Leia mais:  http://www.skoob.com.br/livro/168123
 

Sonhos ou Verdades

 
Sinopse



"As crônicas de Condorcet Aranha são explosões de brasilidade tão oportunas quanto necessárias; com elas constrói paineis de grande beleza pintados com a água-forte da competência; mostra, sem meias-palavras, a realidade brasílica. Mas, acima de tudo, faz de suas páginas um libelo contra os desmandos e injustiças das elites encasteladas n... Leia mais : http://www.skoob.com.br/livro/168122
 

Versos Diversos


Sinopse



"Eu vim até vocês para me mostrar inteiro, sem disfarces, expor meu avesso e demonstrar meus sentimentos, minhas dúvidas e angústias, mas, acima de tudo, acreditando no amanhã, no equilíbrio e na possibilidade de, o homem, rever-se, reafirmar-se, além de reintegrar-se à natureza, da qual jamais deveria ter se afastado." - Condorcet Aranha...Leia mais: http://www.skoob.com.br/livro/168119

segunda-feira, 25 de abril de 2011

ALMA DE CRISTAL


Condorcet Aranha

Não quero almagamar um puro sentimento,
Nem ser durante a vida um mago presciente,
Mas, não serei omisso, sequer, um só momento,
Porque entendo bem, sem ser inteligente,
Que se cristalizar o meu comportamento,
Eu mostro para o mundo o que sou: só gente.

Portanto o prescindir não é do meu caráter,
Por isso a minha alma vaga sem mistério,
Então, sem ser um clérigo, não quero fráter,
Tão pouco me envaideço por usar critério,
Pois, estou certo, que não sou célula mater,
Ou mesmo, um bom exemplo, apesar de sério.

Assim, como o cristal, a minha alma é pura,
Translúcida e brilhante a refletir a luz,
Em busca de outra vida, se existir, futura,
Aonde há um paraíso que ao amor conduz,
Aos sons inebriantes de uma tessitura,
Imposta pela fé que a prosseguir, induz.

Porém, caso contrário, a ilusão se imponha,
E quebre-se o cristal de minha alma pura,
Sentir-me-ei inseto, pior que uma bironha,
Nadando no estrume da cavalgadura,
Enquanto o peito cheio por tanta vergonha,
Explodirá, por fim, sem permitir sutura.



sexta-feira, 22 de abril de 2011

RESÍDUOS




Condorcet Aranha


Resíduos de esperanças me incrustam a alma,
Cultivam a minha fé que, hoje, já capenga,
Enquanto me esforço pra manter a calma,
Num resto de viver, mantido a lengalenga,
Tão curto e precioso que o abrigo à palma,
Sem nunca abrir a mão pra não causar pendenga.

Resíduos de ilusões ainda me salpicam,
Idéias rebuscadas num passado antigo,
Aonde existem pares que comigo ficam,
Lembrando que no mundo ainda há amigo,
E embora suas pernas quase nem resistam,
Com esforço se aproximam pra ficar contigo.

Resíduos de paixões que a vida me brindou,
Que agora são fagulhas de lembrança pobre,
De uma fogueira enorme e que se apagou,
No vento desse tempo e talvez pouco sobre,
Pra sustentar acessas fagulhas do que amou,
Meu coração cansado, embora se desdobre.

Resíduos de saudades que me chegam brandas,
Mas cujos sentimentos se transformam em árduos,
Porque não podem mais suprir minhas demandas,
De ter ou de rever, qualquer dos indivíduos,
Aos quais faremos pares, sob as mesmas cangas,
Pois, logo, todos nós seremos, só, resíduos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

RESTOS DE PAZ



Condorcet Aranha

São restos, corpos,
São nadas entre tuchos,
Poças vermelhas,
Dezenas de cartuchos,
São restos de centelhas,
São sonhos não forjados,
São homens e crianças
Que começaram errados,
Mulheres que sem tranças,
Com filhos condenados,
Vazias de esperanças
E cheias de revolta.
São todos restos,
Soldados de escolta,
Mentiras, iras e protestos.
São nadas entre poças,
Vermelhas, escorridas.
Quem sabe até tu possas,
Manter-se entre vidas,
Salvando o próprio bucho,
Vazio até no adeus,
Furado pelo chumbo do cartucho.
Bala perdida poupe-me, Deus!
Porque a vida nada mais é.
O amor como a fumaça se desfaz,
Sem esperança e não há mais fé,
São restos, corpos, agora em paz.

terça-feira, 19 de abril de 2011

ALÉM DAS PALAVRAS


Condorcet Aranha


       Osmar adentrara na sala de espera de um consultório e, à sua frente, a esplendorosa imagem de Viviane toma toda sua atenção. Vacila por instantes, fica atônito e disfarçadamente, toma lugar em uma das cadeiras desocupadas.
A beleza daquela moça havia deixado Osmar numa verdadeira teia de aranha, por mais que tentasse, não conseguia evitar em arriscar outro olhar àquela beldade, emaranhando-se cada vez mais em sua discrição. Seu coração perdeu-se em ritmo acelerado e junto com a sua imaginação, fluíam sensações agradáveis, fazendo-o sonhar em plena tarde de primavera, bem determinada pela beleza do arranjo de flores, esteticamente, colocado sobre a mesa de centro da sala de espera.
       O relógio sobre a porta de entrada do consultório havia dado mais de uma volta, foi quando Viviane, chamada pela atendente, sumiu da paisagem que tanto agradava ao Osmar.
       Faltava um quarto de volta para que o relógio alcançasse às dezesseis horas, quando a paisagem foi recomposta para satisfação e vislumbre do pretenso Príncipe, arrebatado pela certeza de que teria que se aproximar daquele “pedaço de mau-caminho”, surgido em sua vida como em passe de mágica.
       Viviane parecia flutuar em seu vestido azul-claro, enquanto sua meiga e branca face era uma pequena nuvem, contendo dois pequeninos lagos muito verdes, separados por um fino e bem montado anteparo, sobreposto a um discreto sorriso em tom róseo e bastante discreto. Esse dócil conjunto ao passar pela mesa de centro, na sala de espera, acabou por confundir a primavera, deixando-a duvidosa sobre qual seria a beleza mais estética daquele momento. Óbvio que Osmar não teria nenhuma dúvida, caso fosse perguntado.
       Totalmente desvairado, ele praticamente esqueceu da onde estava e o que iria fazer. Levado por impulso irresistível, Osmar levantou-se e foi atrás de Viviane que já deslizava sobre o calçamento de mosaico português. Aproximou-se, estendeu-lhe a mão e sem palavras para o momento, deixou que seus olhos fizessem a devida corte.
       Reconhecendo o olhar que a perseguia na sala de espera do consultório, apesar de tomada pela surpresa, não conseguiu segurar seus lábios que outra vez deixou escapar aquele meigo e dócil sorriso rosado. Em seguida, como que imantada, sua delicada e macia mão, encontrou-se com a de Osmar e, hoje, elas cuidam das duas crianças com que Deus abençoou esse inesperado encontro, pois, o que menos importava eram as palavras.
       Agora e por toda a vida, não se cansarão de bem-dizer àquela tarde de primavera no consultório de fonoaudiologia.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

GUERRA



Condorcet Aranha

Destroços na terra
E na mente,
De gente fremente 
Que marcha e enterra
Urgente o amigo
Potente e vencido. 
A corrente é de medo,
Não sabe se é tarde
Nem sabe se é cedo.
Avante! Comanda o tenente.
A bomba que explode,
O corpo que sobe,
Metralha que canta,
Na terra que é santa,
São gritos de dor
Na ausência de amor,
Fumaça no céu,
Virtudes ao léu,
Que partem vencidas.
É alma doente,
De gente demente.
Não há esperança,
O instinto é animal e voraz,
Sufocante,
São seres errantes,
Malditos instantes,
De anos eternos, num tempo infinito,
Apenas conflito,
São homens lamento, 
São vidas perdidas.
Meu Deus! Eu te imploro.
Porque? Qual é a razão?
Quais são as verdades,
Quais são?
Quaiiis Sããão?
Quaiiiiiis Sssssss?
                 ?

terça-feira, 12 de abril de 2011

BERNARDO, O MENINO CAÇADOR DE BORBOLETAS.


Condorcet Aranha
                                                        
       Num lindo regato de água muito límpida e que teimosamente insistia em correr para o vale, carregando consigo as esperanças do menino caçador de borboletas, é que aconteceu esse fato inusitado. 
       Quando o cair da tarde embalado pelo zéfiro, procurava chegar-se da noite e a lua dividia os horizontes com o sol que se despedia; quando as borboletas executavam suas últimas revoadas em busca das folhas mais protegidas nos ramos dos arbustos, por vezes até curvados pelo peso de suas exuberantes floradas e o menino recolhia-se para sua morada, tendo o puçá de filó debaixo de sua axila, a natureza parecia aquietar-se. 
      Diante dos insistentes coaxares de rãs e sapos à procura dos insetos noturnos que se lançavam sobre as estrelas e a luz do luar, refletidos na superfície das pequeninas lagoas formadas ao longo do regato que, instigado por temporais de verão, deixava-se extravasar como quem procura tirar do seu corpo as impurezas, todas oriundas da irresponsabilidade e falta de sensibilidade do ser humano, também os grilos começavam a participar daquela sinfonia.  Enquanto as mariposas iniciavam seus bailados buscando aos focos luminosos e os primeiros morcegos saíam em busca de suas refeições, a noite, ao avançar, enchia de sonhos o menino Bernardo.
       Muitas manhãs se sobrepunham a cada noite passada e sob o acariciante calor dos primeiros raios solares, o menino caçador de borboletas jamais faltava àquela paisagem. Claro que para desespero da natureza, sem ter como proteger às revoadas primaveris das inocentes borboletas, inebriadas pelo aroma das floradas e sequiosas pelo néctar indispensável à sua sobrevivência, por ali permanecerem, acabavam por se tornar um alvo muito fácil para o Bernardo. Mas, assim é a lei da natureza. Há de se enfrentar situações adversas para que a vida tenha um significado maior.
       Os anos se passaram, tão rápido quanto o puçá do menino caçador em busca de suas fantasias e, numa bela tarde, aquele menino deparou-se com uma enorme borboleta na margem oposta do regato, tão grande quanto ele. 
       Maravilhado pelo achado, atônito pela beleza daquela borboleta de olhos grandes e azuis, ousou atravessar o regato para caçá-la. Quando se aproximou da borboleta, olhou para o puçá e viu que era muito pequeno para aprisiona-la. Pensou por alguns instantes, correu seu olhar pela borboleta e percebeu que ela não tinha asas e indignado perguntou-lhe: Você não voa? 
       Não! - Respondeu-lhe a borboleta. - Não preciso de asas para fazer isso e você deveria envergonhar-se de estar aprisionando as pequeninas e impondo-lhes o fim prematuramente! Elas gostam de voar da mesma forma que você gosta de correr à beira do regato. 
      Bernardo pegou seu puçá e atirou-o nas águas do regato, saindo em desembalada carreira para sua casa.
      Naquela noite, antes de ser dominado pelo sono, o menino caçador de borboletas, deixou seu pensamento voar como as borboletas do regato. Durante os seus vôos percebeu que estava arrebatado pela beleza daquela grande borboleta sem asas e de olhos azuis.
       Na tarde seguinte, Bernardo caminhou vagarosamente até à beira do regato e ali ficou observando o revoar das borboletas, suas lindas cores e formas. Então pode entender toda a paisagem que a natureza lhe proporcionava e sentir porque as flores exalavam aqueles aromas inebriantes. Pensou também que o ambiente quando sadio é envolvente, não havendo no mundo um coração sequer, forte o bastante para não se curvar diante dessa tela artística cujo autor é também o responsável pelo sentimento que chamamos de amor.  Absorto pelas circunstâncias do momento, nem se apercebeu que do outro lado do regato, a grande borboleta sem asas o observava.
       Passados alguns minutos a grande borboleta indagou: Olá menino! Não veio caçar borboletas hoje? 
       Vim, sim. - Respondeu-lhe o menino. 
       Curiosa a borboleta disse-lhe: Mas cadê o seu puçá? Como vai pegar as borboletas, parado aí?  
       Bernardo, após instantes de insegurança, respondeu-lhe: Você não viu que ontem eu joguei fora o puçá? 
       Vi sim e por sinal, fiquei indignada por tê-lo atirado nas águas limpas do regato. - Fiquei até imaginando: Será que ele é mais um poluidor, das nossas águas? 
       Rapidamente o menino atirou-se no regato e foi buscar o puçá, enroscado em galhos pendentes de árvores da margem. Voltou-se até perto da grande borboleta, quebrou o puçá e disse-lhe: Pronto! Não estou mais poluindo o rio. 
       Então a borboleta retrucou: Mas! E agora? Como vais caçar suas borboletas amanhã?
       Com a voz embargada, o menino caçador de borboletas falou: Não preciso mais de puçá para caçar borboletas!
       Porque? Perguntou-lhe a grande borboleta.
       Porque a única borboleta que ainda preciso caçar não tem asas, possui lindos olhos azuis e é muito maior que o meu puçá e também acredito que tenha um nome, assim como eu sou o Bernardo.
       Encabulada, a grande borboleta baixou seu olhar e, mesmo sem asas, saiu “voando” dali.
       Alguns anos se passaram e todas as tardes, o caçador de borboletas e a grande borboleta de olhos azuis encontravam-se à beira do regato e, podem acreditar, alçaram vôos incríveis. Por isso, nos dias de hoje pode-se ver, todas as tardes, correndo às margens do regato, uma linda menininha, com um puçá de filó, caçando borboletas.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

PURA EMOÇÃO



No último dia 9 de abril, na plenária da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, os Acadêmicos da Academia de Artes e Letras - Castro Alves, prestaram homenagens aos poetas Condorcet Aranha e João José D´Azevedo. Estiveram presentes os familiares de ambos que com muita emoção prestigiaram as declamações de seus poemas. No mesmo dia novos acadêmicos tomaram posses as cadeiras para dar continuidade ao trabalho.




segunda-feira, 4 de abril de 2011

ACADEMIA DE ARTES, CIÊNCIAS E LETRAS CASTRO ALVES



ACADEMIA DE ARTES, CIÊNCIAS E LETRAS CASTRO ALVES

Solenidade em Homenagem aos Acadêmicos: JOÃO JOSÉ D'AZEVEDO D'ASSUMPÇÃO e CONDORCET ARANHA; e de Posse dos Escritores: SRA. IZABEL ERI DIEHL DE CAMARGOCadeira Nº. 08, Patrono: Antônio Carlos Gomescomo MEMBRO ACADÊMICO EFETIVO; SR. PAULO LUÍS PENCARINHA DE MORAES, Pelotas/RS,Cadeira Nº 03, Patrono: Ramiro BarcellosSR. ADEMIR ANTÔNIO BACCA, Bento Gonçalves/RS, Cadeira Nº 10, Patrono: Lobo da Costa; e, SRA. TEREZINHA ROSSAROLLA,Erechim /RS, Cadeira Nº. 17Patronesse: Luciana de Abreu, como MEMBROS ACADÊMICOS CORRESPONDENTES.


Data: 09 de Abril de 2011                                                                                                       Hora: 15 horas

Local: Plenário Ana Terra, da Câmara Municipal de Porto Alegre/RS - Brasil.

domingo, 3 de abril de 2011

FOI UMA ESCADA DE FLORES?


Condorcet Aranha

Sessenta e cinco degraus na escada da minha vida,
São evidentes os sintomas de um coração combalido,
O que ainda bate apertado neste peito constrangido,
Envergonhado do mundo que lhe empresta uma guarida,
Em meio a corrupção, os crimes, vícios, perdido,
Sem rumo e querendo a paz como a branca margarida.

Como pôde a escada em rosas que até aqui percorri,
De aroma doce e suave exalado das gardênias
Deixar-me só, nesse instante, sem teu amor e sem ti?     
Assim, eu julgo as palavras como se fossem blasfêmias,
Pois sem o azul de teus olhos neste céu que eu tanto vi,
Restou-me só as saudades das noites pedindo vênia.

Eu gostaria Senhor que ao terminar minha escada,
Encontrasse todas flores que cultivei nos degraus,
E ter aquela tão linda, também a mais perfumada,
Que me tomaste sem dó para o teu jardim de caos,
Pois não consigo entender já no fim da minha escada,
Este precipício infindo entre os horrores dos maus.

Perdoe a sinceridade, eu não compreendo ao santo,
Se meu amor foi terreno e a paixão material,
Quando o meu amor partiu, eu sofri um grande espanto.
Como a dor de uma espada que a romper meu peitoral,
Soltou meu sangue tão rubro quanto a flor do agapanto,
E as esperanças qual folhas a esmo no vendaval.

Quando embaixo dos meus pés não mais houver um degrau;
Meu peito estiver parado e o coração sem saudade;
Meu nome no obituário do mais popular jornal;
Direi Senhor, a verdade da dor cruel que me invade,
Pois ao tirar meu amor, vejo agora, foste mau.
Além da felicidade, perdi também a bondade.