terça-feira, 31 de maio de 2011

FANTASIAS - ALPAS XXI

 

O TEMPO PASSA EM CADA VERSO DO POEMA

Condorcet Aranha

O tempo passa em cada verso do poema,
Enquanto crio nas imagens emoção,
Porque não posso expressar dentro do tema,
Insegurança nem sequer uma ilusão,
Pois sou poeta da verdade, pura, extrema,
E só libero o interior do coração.

Sinto as palavras percorrerem as minhas veias,
Usando o tempo que na vida eu vou gastar,
Para arrumá-las nos meus versos, em suas teias,
E conseguir aos meus leitores segurar,
Pra que as horas ao passarem fiquem cheias
De esperanças e de amor. Para alegrar!

É nesta busca prazerosa e até frenética,
Que vou somando cada verso do poema,
Também cuidando do perfil e da estética,
Pra não criar no meu leitor mais um dilema,
Mas sim lhe dar uma leitura que patética,
Desperte a alma no esplendor de nova cena.

Talvez consiga, enquanto o tempo me envelhece,
A experiência necessária e o saber,
Suficientes pra ofertar a quem merece,
A singeleza de uma aurora, o alvorecer,
Ou mesmo a noite escura e eterna, a quem padece,
Na paz sublime sem temor, ao fenecer.

Assim persisto na procura de razões,
Entre as palavras, versos, textos, poesias,
Que justifiquem nos momentos emoções
De alegria, pranto, risos, nostalgias,
Os sentimentos que desgastam corações,
E chegam ao auge terminando nossos dias.



sábado, 28 de maio de 2011

ADMITIR


Condorcet Aranha

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Num emaranhado de desmandos, desrespeitos e falcatruas.
É como se santificar, sem altar, sem fé,
Num misto indefinível, entre demônios a andar nas ruas.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Sob a tutela de governos corruptos e autoritários,
Subjugando-me, à vergonha dos seus atos porcos,
Além de injustos impostos arbitrários.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Já nos limites de idade, que o País permite,
No subjugo desonesto e da incapacidade
Em oferecer, mas manda-me, com dedo em riste.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Vivendo entre a malária, dengue e outras mais,
Ausentes e esquecidas, nos tempos dos meus pais!
Hoje de volta e ocorrendo nas grandes Capitais.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Ao ver a natureza dizimada, pelo vil poder dos capitais,
Que rouba-nos sem piedade, sem resistência governamental,
O pouco que nos resta, de recursos naturais.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Observando a carruagem da cultura e educação,
A despencar pelo barranco, para um vale escuro,
Sem ter sequer, como salvá-la, com um freio à mão.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Sem condições para ajudar, quem não tem nada,
Apesar de uma bagagem que me faz capaz,
Obstruído pela justiça, inoperante e ultrapassada.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Nessa democracia que é só para “inglês ver”,
A massacrar meu povo, indefeso e vilipendiado,
Pela real escravatura, do internacional, poder.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Olhando os filhos entre drogas, pelas ruas, viciados,
Sem os conselhos que se dava em casa,
Sendo induzidos pela ambição e marginalizados.


Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Tentando resistir, sob o domínio de governo espúrio!
Para impedir que jovens ponham ao solo, seu conteúdo,
E manchem as ruas qual o cromo do mercúrio.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Ao ver as rédeas tesas, em mãos injustas,
Como as dos capitalistas, que a alma vendem,
Sem defender-me, entre agressões tão brutas.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Seguindo a vida, contra os meus próprios ideais,
Ao deparar com as crianças inocentes, pelas ruas,
À disposição do crime organizado e de audazes marginais.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Vivendo no acéfalo, “País das maravilhas”,
Onde os corruptos, ladrões e criminosos,
Curtem prazeres, com bolsos cheios, em várias ilhas.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Se, embora à força, participo da tragédia,
Usando apenas, minha voz, a motivar aos jovens,
Ciente de que o tempo é curto, para tal tragicomédia.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto
Vencido, temporariamente, pela saga dos inescrupulosos,
Cedendo em mil momentos e em defesa da família,
Para apenas adiar esse confronto, com os bárbaros maldosos.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Se, atendo ao comando inconseqüente de um vil político,
Sem refutar ou agrupar alguns fiéis e seguidores,
Pelo temor da força e duros atos, do momento crítico.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Se, vivo insegurança, em meu próprio lar,
Na mira de bandidos que podem invadi-lo,
E, em defesa da família, poderei, matar.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Quando ao passar em frente aos postos de saúde,
Vejo crianças, mulheres e velhos destratados,
Que, certamente, antes da hora, deitar-se-ão no ataúde.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Ao ver, tenras crianças, por semáforos afora,
Subjugadas às imposições de falsos pais,
Que lhes obrigam a trabalhar fora de hora.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Se nada faço contra o curso, dessa estória!
Mas dentro d’alma um sentimento me conduz,
Ao qual não venço, infringindo-me a memória.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Ao ver irmãos de pés descalços, em noites frias,
Sempre humilhados, escorraçados, sem trabalho,
Sendo incapaz de oferecer-lhes, algumas alegrias.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Quando o governo deste meu País,
Com arrogância, entre mentiras, diz,
Para agradar o FMI, que meu Brasil, vai bem!

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Vendo sumir e sem defesa, a nossa flora,
Para alegria dos corruptos, daqui e do exterior!
Ante o olhar dessas crianças, que comida implora.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Se, ainda estou calado, e olho o bando a extorquir,
Numa sociedade suprimida dos direitos mínimos,
Que vencida por doença e fome, nem, pode reagir.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
A quem restou, bem poucas laudas para um protesto,
Contra esse mar de roubos de “governadores”
Que ao próprio povo, causa tantas dores.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Usando esse meu tempo e o papel tão branco,
Para expor, esse meu sentimento interno,
Honesto e puro, ou seja, apenas franco.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Um “caipira”, como disse um troglodita,
Com orgulho besta, que se diz “filósofo”,
Sem perceber o halo da burrice dita.

Enoja-me admitir que sou um cidadão honesto,
Enoja-me admitir que sou um cidadão e presto.
Enoja-me admitir que sou um cidadão e resto.
Enoja-me admitir que sou um cidadão. Protesto!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A VOLTA DO JECA TATU


Condorcet Aranha

       Esse é o momento brasileiro, um navio sem rumo nas mãos de um capitão cheio de medalhas e de alma vazia. Formação universitária, títulos e sei lá mais o quê, não são na verdade o passaporte para administrar um País, como o nosso, tão rico em seus recursos naturais. É preciso, antes de qualquer coisa, ter sido brasileiro desde a primeira infância, ter nascido nos hospitais conveniados com o INSS, ter recebido alimentação deficitária, ter estudado em escola pública durante todo o seu ciclo estudantil (até aqui falei o óbvio e o direito de todo o cidadão brasileiro) e concretizado seus ideais como primeiro colocado num concurso vestibular de uma Universidade Federal, numa grande Capital (agora falei o impossível e viajei além da imaginação). Concluir o curso superior como um dos melhores acadêmicos e finalmente conseguir o primeiro lugar, em concurso público, para uma Instituição de Pesquisa Científica em um dos principais estados do País.  Aí nem pensar.
      Precisamos é repensar nosso procedimento como cidadãos porque, apesar de termos muitas entidades representativas de classe como associações, sindicatos, entre outras, todas estão destituídas de força representativa e, para percebermos esse fato, não precisamos nos esforçar e nem muito procurar. A comprovação dessa realidade está diante de nossos olhos quase que diariamente.
      Um país realmente democrata não precisa ser governado por intermináveis medidas provisórias e nem tampouco, comprar os votos dos inatingíveis e rapinas senadores, numa demonstração pública do caráter daqueles que erroneamente insistimos em colocar, através dos votos, como nossos lídimos representantes.
      A desmoralização e a desestruturação dos órgãos públicos é conseqüência das mazelas de integrantes corruptos de nossa administração pública, muitas vezes acobertados e protegidos por políticos da mesma laia.
      Os bens e próprios públicos são vendidos como sucatas em feiras livres, sob a alegação de serem deficitários e prejudiciais a economia do País, deixando-nos fugir das mãos as rédeas de corsários imprescindíveis para nossa carruagem, que insiste em caminhar rumo ao progresso com liberdade e ainda atrela-nos aos interesses escusos e imperialistas de capitais estrangeiros, com economias centralizadas nas mãos de três ou quatro países que tentam de todas as formas, até mesmo fomentando guerras, sob a máscara de uma enfadonha globalização, buscando com esse intento inescrupuloso, escravizar-nos em pleno terceiro milênio.
      Um presidente que prima por desmoralizar seus próprios funcionários e conterrâneos, culpando-os por escassez de recursos na previdência, FGTS e outras instituições públicas mas que, não é homem suficiente para dizer lá fora, onde foi nos desmoralizar, que a escassez dos fundos é conseqüência dos roubos descarados de seus colegas, amiguinhos e irmãos de atividades, os seus reais parceiros na destruição moral desse nosso Brasil. Chamar-nos de caipiras posso até concordar, isso porque caipira, na concepção da palavra, é um homem do campo, simples, trabalhador, sem grandes ambições, comparsa da natureza a quem tanto ama e, acima de tudo, honesto, mas honesto mesmo, aquele que não precisa assinar nenhum documento para cumprir com sua palavra e aí sim, até concordo com o presidente, porque lá nos palácios planálticos não circula um caipira sequer.
      É isso que precisamos, povo brasileiro, escolher alguns caipiras estudados para ocuparem todos os postos administrativos e públicos desse país.
      Vamos dar um basta para os almofadinhas e falsos defensores da pátria, aos larápios e  bandidos, às irresponsáveis filosofias e aos insuportáveis sociólogos sorbonizados.                   Para administrar com sucesso uma terra tão grande e rica, só é viável com os verdadeiros caipiras. Aqueles que conhecem a textura do solo com a sola dos pés, que protegem a natureza com unhas e dentes ou com a própria vida, a qual também tiram dos recursos naturais, com quem sempre dividiram o espaço.
      Precisamos devolver às mãos do Jeca Tatu, essas terras que ele tão bem conhece. O caipira capaz de escutar o canto do sabiá, o tremular das folhagens ao zéfiro das tardes e então cansado ao anoitecer, com o estrilar das asas dos grilos, deixar-se adormecer, entregando-se aos sonhos reconfortantes de uma nova e promissora alvorada. Como é bom ser caipira, deitar a cabeça no travesseiro e apenas dormir. Lavar e descansar apenas o corpo, porque a alma está sempre limpa e alerta aos interesses maiores e verdadeiros da comunidade irmã.
       O Brasil precisa continuar sendo nosso. Aos invasores a repulsa, aos entregadores o esquecimento, aos incrédulos o desprezo, aos brasileiros o Brasil. Assim deverá ser nosso comportamento quando, diante das urnas eleitorais, formos depositar nosso voto, porque cada voto é uma bala da rajada de metralhadoras que pretendemos disparar contra essa máfia de politiglotas ( = políticos que sabem falar em várias línguas os absurdos e asneiras de sempre), inveterados corrupnantes (= corruptos eternamente atuantes), brasilôcos ( = que têm um oco no peito, justo aonde deveria estar o amor à pátria) e ditamedproves ( = indivíduo que executa atos ditatoriais através de infinitas medidas provisórias).
       Não precisamos de sábios nem de títulos para nos levarem no rumo certo do progresso com consciência e, muito menos, de vizinhos interessados nas moedas  que guardamos em nossos cofres. Saberemos caminhar com nossas pernas e nossa consciência, com nossa verdade e honestidade, liderados por nossos honrados e estudados caipiras, sob a tutela do conhecimento real e da capacidade de convivência com a natureza, do nosso líder Jeca Tatu.
       Ser brasileiro é amar as coisas da terra, expor suas obras, artes, artistas, língua,  folclore, hábitos e costumes, jamais e nunca mesmo, exibir-se como um macaquinho (desculpe-me o macaquinho pela comparação) imitando comportamentos e comunicando-se no idioma da terra visitada, que aliás não foram poucas, tal qual um papagaio (desculpe-me o papagaio).
      Quando esses internacionais de meia tigela nos visitam, como grandes personagens ou destaques, alguns até verdadeiros bredamerdas, (bregas e, que não valem, uma bosta), nos exigem estadias, locais, alimentação e ambiente, idênticos aos de suas origens, sem esboçar sequer, umas poucas frases em nosso idioma, ainda são ovacionados por platéias dirigidas pelo poder econômico e desviadas de sua própria origem, pela imposição de uma mídia facciosa.
       Salve-nos Jeca Tatu, essa é a hora para seu retorno, precisamos das coisas simples e da honestidade caipira. Homens nascem, crescem e se projetam dentro de sua terra, não precisam ir buscar fora os subsídios para resolverem seus problemas internos aos quais já conhecem sobejamente. Futebol e samba não se aprende nas universidades internacionais; virtudes não se fabricam nem se criam, elas vêem na carga genética; amor e respeito aos seus semelhantes, não se empurra goela à dentro porque estão cravados nas fibras do coração de um patriota. Salve-nos Jeca Tatu pois, só você trás no peito a nossa verdade, nossa esperança, nossos ideais e o amor fraterno. Ante um País moderno ou de primeiro mundo, preferimos um País honesto.

domingo, 22 de maio de 2011

1º Prêmio Cultura, Literatura, Artes e Ciências - Condorcet Aranha

A Associação Artística, Literária e Multiprofissional
‘A Palavra do Século 21’ – ALPAS-M21
Outorga o

1º Prêmio Cultura, literatura, artes e ciências

Condorcet Aranha




Aos escritores, que colaboram com a divulgação das letras, das artes e da cultura brasileira

Alba Pires Ferreira
Cláudio Pinto de Sá
Marines Bonacina

A entrega do prêmio será durante o evento em Porto Alegre
em 23 Maio de 2011
 Solicitamos o envio de seus currículos, foto e um texto que desejam destacar na entrega do prêmio


Atribuímos o nome do saudoso escritor Condorcet Aranha a este prêmio pelo significado de sua inestimável contribuição às letras, às  artes e às ciências no Brasil.

FALAR DO PASSADO É, PRINCIPALMENTE DO RÁDIO ANTIGO, MANTER CONTATO COM A SAUDADE.


Condorcet Aranha
                                                                                                                     
       Quem diria! Aqui estou eu, revolvendo nos alfarrábios de minha memória, instigado por um concurso que teve o mérito de fazer-me viajar no tempo e reviver inúmeros ídolos e emissoras que, por suas programações variadas e inteligentes, atendiam às exigências de um povo brasileiro, sequioso por adquirir conhecimentos e manter-se informado sobre o quotidiano de sua tão adorada pátria. O rádio é, sem dúvida, o meio de comunicação capaz de propiciar-nos a criatividade, liberando cada ouvinte para que forme suas próprias imagens no decurso das histórias e programações, tão bem conduzidas por locutores de extrema capacidade.
       A era de ouro do Rádio Brasileiro, começou nos primeiros anos da década de trinta, onde o “speaker” (locutor) praticamente carregava os destinos da emissora, acabando mesmo por tornar-se, marca registrada da mesma. Um evidente exemplo disso foi César Ladeira, iniciado na Rádio Record e que, transferiu-se para a Rádio Mayrink Veiga do Rio de Janeiro. Nessa década, as programações eram de grande duração e com muitas variedades. Normalmente tinham 3 a 4 horas, como o “Programa Casé”, da Rádio Transmissora do Rio de Janeiro. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, era a líder em audiência  e por mais de década, seus programas apresentavam cantores como Francisco Alves e Vicente Celestino; humoristas como Lauro Borges com suas “Piadas do Manduca” e Silvino neto com o personagem “Pimpinela”;  programas de calouros como a “Hora do pato”, conduzido por Heber de Bôscoli, entre outros. É no final da década que o Rádio experimenta sua máxima expressão, com numerosas emissoras sendo criadas e espalhadas pelo Brasil. Não bastassem a Rádio Nacional e a Tupy disputando audiência, conviveriam com a Rádio Club, a Cruzeiro do Sul (SP. e Rio), Rádio Jornal do Brasil, Cultura (SP), etc.
       Os auditórios das emissoras cresciam em suas dimensões para receber um público sempre maior e participante. A Rádio Tupy, por exemplo, marcava época com Manuel da Nóbrega e Aluísio Silva Araújo no programa humorístico “Cadeira de barbeiro”.  Cantores, orquestras, duplas, trios e músicos, desfilavam nesses auditórios, juntamente com programas de calouros onde, os candidatos eram criteriosamente julgados. Traz-me a lembrança, o “Calouros em desfile”, dirigido com maestria pelo imortal compositor e apresentador Ary Barroso;  o “Papel carbono” apresentado pelo Renato Murce e o “Trem da alegria” do César de Alencar, já nos anos 40.
       O rádio-teatro, iniciado no fim dos anos trinta, trouxe consigo os contra-regras (profissionais responsáveis pela criação dos sons que complementavam e davam maior força aos textos, tais como: cavalgar de cavalos; trovoadas, chuva, portas se abrindo, etc...). Logo ocuparia grandes espaços e seus textos e ídolos, multiplicar-se-iam para atender às diversas faixas etárias. Surgiam os heróis de época, recrutando ouvintes de 7 a 15 anos, destacando-se “O Anjo”; “Capitão Atlas”; “Zorro”; “Jerônimo o herói do sertão” que, apresentando as virtudes da verdade, justiça e honestidade, mostravam aos nossos pré-adolescentes, invariavelmente, a vitória do bem sobre o mal (não seria interessante continuar-se com esse procedimento? ). Também, as rádio-novelas, aí se instalaram.    
       Acompanhando essa década, a “Pequena notável”, Carmem Miranda, reinava nos microfones e levava o nome do Brasil para o exterior, exercendo o papel de embaixatriz, das mais eficientes. Tanto que, após a filmagem de “Banana da terra”, contracenando com o “Bando da Lua” e interpretando de Dorival Caymmi, “O que é que a baiana tem? “, foi contratada por Lee Schubert, indo para o Estados Unidos, onde marcou época, para delírio daquele povo. Cantores e cantoras surgiam e continuavam a fazer repetidos sucessos por anos e anos, chegando ao início da década de 50 quando, a televisão viria modificar o panorama artístico brasileiro. Seresteiros, sambistas, duplas sertanejas, trios, orquestras, davam ao nosso povo uma alegria que hoje, lamentavelmente, não mais está gravada em nossas faces. Tínhamos um povo sofrido, mas esperançoso, patriota, responsável, honesto, fraterno e acima de tudo, de feições alegres. E hoje? É sofrido, carrancudo, desconfiado, pouco patriota, inseguro, de pouca esperança, frágil ao ponto, de não encontrar forças para defender seus direitos e liberdade e pior, de feições extremamente tristes.
       Entre os cantores, cantoras, compositores, músicos e orquestras, fazendo uma rápida visita ao subconsciente, ainda encontro: Francisco Alves, Mário Reis, Orlando Silva, Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Lamartine Babo, Marlene, Emilinha Borba, Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Trio de Ouro ( Herivelton Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas), Almirante, que após iniciar-se como cantor, imortaliza-se com seu “Caixas de Perguntas” , programa de competição, de inteligência e o “Incrível! Fantástico! Extraordinário”, onde eram apresentados casos sobrenaturais, Silvinha Mello, as irmãs Linda e Dircinha Batista, os maestros Francisco Mignone, Radamés Gnatalli. Gabriel Migliori,  Gaó; apresentadores como César Ladeira na Rádio Mayrink Veiga, Saint-Clair Lopes na Educadora, Porto Carreiro no Programa Nacional, Carlos Frias na Cruzeiro do Sul, entre outros. Perdoem-me todos os demais não citados e igualmente merecedores de serem por nós lembrados, porém a riqueza, fartura dessa época do Rádio Brasileiro, não cabe de forma nenhuma, por mais competente e sucinto que seja o cronista, no espaço dessas páginas. Outrossim, estou eternamente grato por essa oportunidade de poder rever no passado, tantas coisas boas e saudáveis que fizeram desse nosso povo, um místico, exclusivamente de esperanças e alegrias. Ah, contatos com a saudade! Que bom! 
                                                                                                                  

sábado, 21 de maio de 2011

INSOLIDÃO



   Condorcet Aranha 

Chegaste no rumo do vento,
tal qual a mais leve pluma.
Pousaste em meu coração,
trazendo um amor alento,
que no mar, da onda, a espuma,
à noite, na escuridão,
ficou a me invejar.
Tiraste-me da solidão,
tamanha a felicidade.
Viver ou mesmo sonhar,
tinham a mesma sensação.
Fizeste-me acreditar,
no dicionário da vida!
Que esqueceram de gravar,
na página, hoje lida,
a nova e bela inscrição,
que sequer foi concebida!
A palavra insolidão.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

POESIA MODERNA



   Condorcet Aranha


Lá se vão fugindo as rimas e também o tempo forte,
O tal ritmo se impõe, nos textos à minha frente,
Espero que o classicismo, não caminhe para a morte,
Pois vive na minha mente e, pretendo, eternamente.

As expressões mais modernas, os novos termos da língua,
Não venham transfigurar a nossa ortografia.
Que a gramática pungente, dos versos não se extinga,
Pra não perdermos o ontem e o amanhã, num outro dia.

Vou marchando com palavras, na curta estrada da vida,
Construindo poesias, segundo meus sentimentos,
Fazendo alguns seguidores, em cada página lida
E vivendo as alegrias em alguns desses momentos.

Mas seguirei escrevendo, com minha percepção,
As cenas que vejo à frente, a cada dia que passa,
Respaldadas pelo amor, que tenho no coração,
Embora que até por vezes, se abstenham de graça.

Nem tudo na vida é belo, nem toda a cena fascina,
Nem toda mulher é bela, como foi quando menina.
No peito de todo homem, um coração bate firme,
Que o levará para o céu ou para o mundo do crime.

Importante é discernir e entender a cada cena,
Seja moderna ou antiga, numa análise serena,
Pra tudo existe razão, embora não justifique,
Mas entender é preciso, para que omisso não fique.

Como hão de perceber, nas quadras que escrevi,
Não consegui desprender-me da força de minha sina,
Se até fugir da tal métrica, por vezes eu consegui,
Não fui capaz de esconder, numa quadra, minha rima.

terça-feira, 17 de maio de 2011

GRANDE IDÉIA



Condorcet Aranha

Eis que de repente: tudo se apaga,
Nada se percebe ao entorno da imagem,
Apenas um sentido, domina, nos afaga,
É como se chegasse ao fim de uma viagem,
Aflora a emoção e a mente não divaga.

Eis que de repente: o corpo não existe,
O coração não pulsa, o sangue não circula,
Apenas a imagem do início é que persiste,
De resto, nada resta, se resta a gente pula,
Porque a própria mente é fixa, insiste.

Eis que de repente: até o tempo pára,
Não há sequer passado, futuro ou presente,
Porquanto na imagem a coisa se escancara,
É lógica, é razão, um dom onipotente,
Porque tudo na vida da gente se aclara.

Eis que de repente: o problema é solução,
Óbvia a imagem e notória a evidência,
Tudo se resolve com eufórica emoção,
Vencendo o impossível, com base na ciência,
Deixando no passado a falta de opção.

Eis que de repente: a novidade estréia,
Supera a incerteza, crença e verdade,
Destrói conceitos, leis... É a odisséia,
Vislumbre que resulta em felicidade,
Sobeja, insuperável, é a grande idéia.

sábado, 14 de maio de 2011

O BRASIL ESCRAVO DE SUA LIBERDADE


Condorcet Aranha
                                                                                   
  
       Esse é o momento brasileiro, um navio ainda sem rumo deixado ao mar por um capitão cheio de medalhas e de alma vazia.
       Formação universitária, títulos e sei lá mais o quê não são o certificado de capacitação para se administrar um País tão rico em seus recursos naturais. É preciso, antes de qualquer coisa, ter sido brasileiro desde a primeira infância e por toda a vida. Ter nascido nos hospitais conveniados com o INSS, alimentação deficitária, estudado em escola pública durante todo o seu ciclo estudantil (até aqui falei o óbvio e o direito de todo o cidadão) e concretizado seus ideais, como primeiro colocado de num concurso vestibular numa Universidade Federal da grande Capital (agora falei o impossível e viajei além da imaginação), concluído o curso superior como um dos melhores acadêmicos e finalmente conseguir o primeiro lugar, em concurso público, para uma Instituição de Pesquisa Científica do País (aí então, nem pensar).
      Precisamos é repensar nosso procedimento como cidadãos. Apesar de termos muitas entidades representativas de classe como associações, sindicatos, etc...todas estão destituídas de força representativa e, para percebermos esse fato, não precisamos nos esforçar e nem procurar. A comprovação dessa realidade está diante de nossos olhos e quase que diariamente, basta que precisemos de alguma coisa delas.
       Um país realmente democrata não precisa ser governado por intermináveis medidas provisórias e nem tampouco, comprar os votos dos inatingíveis e rapinas senadores e deputados, numa demonstração pública do caráter daqueles que erroneamente colocamos, iludidos pela força financeira de uma falsa mídia, através de votos inocentes, como nossos lídimos representantes.
      A desmoralização e a desestruturação dos órgãos públicos é conseqüência das mazelas dos integrantes corruptos de nossa administração pública, muitas vezes acobertados e protegidos por políticos da mesma laia. Os bens e próprios públicos, são vendidos como sucatas em feiras livres, sob a alegação de serem deficitários e prejudiciais à economia do País, deixando-nos fugir das mãos as rédeas de corsários imprescindíveis à nossa carruagem, na caminhada, rumo ao progresso com liberdade e atrela-nos aos interesses escusos e imperialistas de capitais estrangeiros de economias centralizadas e nas mãos de meia dúzia de países que tentam de todas as formas, até mesmo fomentando guerras, sob a máscara de uma enfadonha globalização que apenas busca, com esse intento inescrupuloso, a bem da verdade, escravizar-nos no terceiro milênio.
       Quem prima por desmoralizar seus próprios funcionários e conterrâneos, culpando-os por escassez de recursos na previdência e outras instituições públicas, mas sem coragem suficiente para dizer lá fora, que a escassez dos fundos é conseqüência dos roubos descarados de seus colegas de atividade, seus reais parceiros na destruição moral desse nosso Brasil, não merece respeito desse cidadão que vos escreve. 
      Chamar-nos de caipira até concordo, porque caipira na acepção da palavra, é um homem do campo, simples, trabalhador, sem grandes ambições, comparsa da natureza a quem tanto ama e acima de tudo, honesto. Mas honesto mesmo, aquele que não precisa assinar nenhum documento para cumprir sua palavra. É aí que até concordo com o pretendido menosprezo, pois lá nos palácios planálticos não circula certamente, um caipira sequer.
      É disso que precisamos, povo brasileiro, escolher alguns caipiras para ocuparem todos os postos administrativos e públicos desse país.
      Basta de “almofadinhas”,  falsos defensores da pátria, larápios, bandidos e traficantes.
      Poupem-nos de falsas e irresponsáveis filosofias e indesejáveis “sabidos demais”.
      Administrar com sucesso uma terra tão grande e rica, só é viável, com verdadeiros caipiras, aqueles que conhecem a textura do solo com a sola dos pés, que protegem a natureza com unhas e dentes ou com a própria vida, a qual também tiraram dessa natureza, com quem sempre dividiram o espaço.
      Precisamos devolver às mãos do brasileiro de fato, essas terras que ele tão bem conhece. O caipira capaz de escutar o canto do sabiá, o tremular das folhagens ao zéfiro das tardes e o estrilar das asas dos grilos, quando o negro véu da noite, vem acalentar seu sono. Como é bom ser caipira, deitar a cabeça no travesseiro e apenas dormir. Lavar e descansar apenas o corpo, porque a alma está sempre limpa e alerta aos interesses maiores e verdadeiros da comunidade e de seus irmãos.
      Até quando teremos que pagar com nosso suor e nossos parcos salários, atafulhados de impostos cruéis, vendo nossos direitos retirados através de reformas salvadoras, sejam administrativas, políticas, sociais, etc..., etc..., ou  ainda programas contra a fome, miséria, doença, educação, cultura, segurança e coisa e tal? Afinal de contas quem é responsável por administrar o País? Os políticos ou nós cidadãos, eternamente humilhados? “Se virem”, conforme cada cidadão “se vira”, para não morrer na véspera e numa esquina qualquer dessa terra de desmandos, pelo aço de uma bala perdida.   

quarta-feira, 11 de maio de 2011

EU E VOCÊ

        
    
           Condorcet Aranha           
             
Era noite e olhei no céu,
A sorrir, lá estava a lua,
Sozinha, comigo ao léu,
Curtindo a saudade tua.
No seu quarto, mais minguante,
De luar, fraco e perdido,
Como eu, tão intrigante,
Por você já ter partido.
A saudade que me pega,
Marejando-me os olhos,
Faz a noite, ficar cega,
Põe-me n’alma, um par de antolhos.
Parece-me que as estrelas,
Começam a lacrimejar,
Quando eu insisto em vê-las,
Derramando-se no mar.
O horizonte indefinido,
Diante dos olhos meus,
Faz meu coração sofrido,
Questionar ao próprio Deus.
Esse Deus, tão bom que é,
Pra quem sempre a gente apela,
Não atendeu minha fé,
Deixou-me, levando ela.
Agora, então, minhas noites,
São escuras, muito escuras!
Suas horas, os açoites,
Que me fazem mil torturas.
O mar reflete um luar,
Minguante e com pouca estrela,
Que apenas me faz chorar,
Na certeza de não tê-la.
Até mesmo a natureza,
Parece estar infeliz!
Perdeu aquela beleza,
Pra quem meus versos já fiz.
Sobre lágrimas, escrevo,
Minha história de amor.
Duvidar de Deus? Não devo!
Mas é demais minha dor.
Assim eu volto pro quarto,
Mergulhado em nostalgia,
Sabendo que eu não parto,
Ao fim de mais esse dia.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

MULHER ALADA



                   Condorcet Aranha        

Das maravilhas do mundo, tu és a oitava viva,
Se não bastasse ser mãe, és também, a minha amada,
És borboleta que enfeita, nossa mata colorida,
Crisálida aberta às costas, que dentro não fica nada.

Das mais profundas entranhas, do seu corpo, judiado,
És capaz de produzir: o rebento, a nova vida!
Nos trás novas borboletas, pra revoar no banhado,
Oferecendo a beleza, de acordo com a pedida.

Outras sete maravilhas se espalham no planeta,
Mas nenhuma tem a cor, tão linda, no coração!
Se buscarmos uma estrela, no céu, com uma luneta,
Não será ela tão grande que não lhe caiba  na mão.

Nas asas das borboletas, viaja tanta esperança,
Que se mistura no pólen, das flores desabrochadas,
Que se espalha no ar, na brisa que forte avança,
Deixando lá no passado, crisálidas ressecadas.

Mas no coração de mãe, esperança é bem maior,
Viaja no seu desejo, com as asas do virtual,
Não sei se a brisa é mais forte ou se o pólen é pior,
Tu és crisálida seca ou a flor residual?

Mas no desejo implacável, que reveste sua alma,
A vitória chegará, pra quem carrega no colo,
É mais claro que a pele, que seu filho tem na palma,
É tão forte e mais segura, que a raiz dentro do solo.

Borboleta ou só mulher, pouco importa a qualidade,
Seu rebento é limpo e puro, pra buscar o seu destino,
Se, aquarela ou sem cor, só tinge a felicidade,
O produto é a própria vida, que sai do duto uterino.

É por isso que Jesus, teve a mãe, virgem, Maria,
Tal a força do desejo, com nada material!
Amar simplesmente amando, como o sol clareia o dia,
É ter no peito o luar, da noite celestial.

terça-feira, 3 de maio de 2011

COMIGO SÓ EU


Condorcet Aranha

Olho ao redor e ninguém vejo,
Procuro por mim e não encontro,
Não sinto prazer e nem desejo,
Com a paz que busco, me confronto,
Lembranças que chegam são saudades,
Palavras? São sons, não me confortam,
Na lua procuro e não acho as claridades,
O sol? Eu nem olho, seus raios me cortam,
As flores que abrem são de um triste jardim,
Os segredos eu guardo no fundo do peito,
Com ninguém compartilho e os escondo de mim.
Não sei se é moral, vergonha ou defeito,
Mas é sentimento que do meu coração,
Cansado, perdido, vazio e traído,
Na vaga da vida perdida, uma grande ilusão,
Onde choro a derrota do herói (que já fui) alquebrado e vencido.

Conforta-me apenas a certeza do fim,
Nas ondas do nada, que rolam e me arrastam ao próprio infinito,
Numa luz que se apaga do olhar moribundo de mais um chinfrim,
Que no mundo aportou, num momento de atrito,
E do berço ao sepulcro, mantive-me só,
Nas angústias internas onde usei minha força,
Pra suportar as tristezas, que o passado por dó,
Não me trouxe às lembranças, muito embora hoje eu torça,
Pela nova ilusão num destino futuro.
Pra quem sabe a verdade presente seja um golpe bem duro,
Neste meu sentimento e, se outro dia existir,
Entre as coisas tão lindas, a tal nova ilusão,
Não me leve entre prantos, ou então a sorrir,
Pra masmorra cruel, dessa tal solidão.