sexta-feira, 30 de março de 2012

ALGUÉM ESQUECIDO



 
Na caixa de papelão, dois olhos brilhavam,

Entre os jornais, um corpo pequeno, aquecido,

Os pés, só as sujeiras do ontem guardavam,

Unhas longas mostravam o tempo perdido.

Em seus lábios, a sede e a fome aumentavam,

No rosto o semblante de alguém já sofrido,

Gravado nas marcas que, as faces exibiam,

E em nós, só a certeza de alguém esquecido,



É na fonte da praça onde lava o seu rosto

Escova seus dentes apenas com os dedos,

Que esboça um sorriso e se mostra disposto.

Com a mente vazia da noite e seus medos.

Percorre as calçadas e rumina desgostos,

Levando nos bolsos esperança e segredos,

Enquanto na alma, da ilusão, faz encostos,

Pra descanso da fé, já com seus arremedos.



No peito, fechado, um coração em frangalhos,

Em seus atos as nódoas de um céu de abandono,

Vivendo a ilusão, só encontrada em atalhos,

Com a mão estendida, pedindo o abono

De moedas que nutrem seus sonhos paspalhos,

E poder ser criança, sentando em seu trono,

Ser um rei sem poder, mas não ser espantalho.



Eu não posso entender que esta cena repita,

Em todos instantes e em tantos lugares.

Quem somos meu Deus, uma praga maldita?

Quem sabe! Só homens desnudos de amor?

Sejamos humanos e ao ver mão aflita,

Doemos a nossa com todo o pudor.








quarta-feira, 21 de março de 2012

A VIDA TAMBÉM É UMA ILUSÃO




Condorcet Aranha

Onde estão as ilusões; fé e esperança,
Por que o tempo massacrou-as uma a uma?
Onde guardou aqueles sonhos de criança?
Qual predador e com a fúria de um puma,
Comeu, bebeu e não deixou sequer herança,
Deixou os ossos. Carne? Não sobrou nenhuma.

Surgiu com força uma paixão interminável,
Depois um grande amor que se dizia eterno,
Agora uma tristeza infinda e incontrolável,
Saudades que ardem qual o fogo do inferno,
Pedaços d’alma que evaporam, é abominável,
Sentir que tudo, não passou de um sonho interno.

Saber que apenas fomos simples objetos,
Das circunstâncias que o tempo nos impôs,
E descartados como os pútridos dejetos.
Talvez mantidos por um prazo que propôs,
Qual, partituras, rejeitadas de maestros,
E destruídas sem respeito a quem compôs.

Saber que somos transformados em abstratos,
Sem deixar sombras a seguir por este mundo,
E que perduram as conseqüências só dos atos,
Se bons ou maus que gravam pouco, ou profundo,
Mas que perduram pelo tempo em novos fatos,
Até ficarem muito velhos, moribundos.

Então perecem, sem perdão, como a matéria,
Depois de usada, saturada e destruída,
Porque de certo nunca foi levada a sério,
Só se prestou durante um tempo como vida,
Ficando apenas, nossa mente, com o mistério,
Outra matéria, como a vida, consumida.

domingo, 11 de março de 2012

LANÇAMENTO DO LIVRO "SECRETS DÉVOILÉS"

No próximo dia 17 de março,  na estande Yvelinédition U14 da Feira do Livro de Paris no sábado, das 15h às 17h o poeta e escritor Condorcet Aranha estará lançando o livro de poesias " Secrets Dévoilés".








Condorcet Aranha



Ah! Vida! Que luta para preservá-la! Por quê? Que sentido dar-lhe? Que angústia! Eu me desespero! E desdobrou meus primeiros dias e longas de coabitação com o pardal empoleirado no cume, no meu quadrado de céu. Aparentemente, eu tenho que encontrar o segundo andar do prédio onde eu moro. Porque a altura deste edifício antigo é, na verdade, o único edifício que, aqui, uma vez que este pequeno mundo em que vivo hoje, eu posso descrever. Este mundo está rodeada pelo parapeito e os componentes da única janela da sala. Mas, na verdade há algo mais: o pardal ainda rola o cume antes de mim, seus companheiros e adversários, como seu parceiro. O todo em um fundo do céu que esses valores constantes e irregular, com vários tons de azul e cinza branca. A intensidade da luz solar também varia. Esta pintura da natureza é, por vezes, cobre manchas escuras, irregulares, movimentos rápidos acompanhados de trovoada e precedido por raios de luz prateada. E algumas noites a lua está brilhando, mas, até à data, eu não consegui ver a sua rainha. Deve ser um passeio em outros climas.


Condorcet, até o final de sua vida, teve tempo para oferecer o melhor de si mesmo, com uma intensidade e momentos simples cheio de felicidade. A profundidade de sua vida, sua sabedoria, sua força e rigor, marcará nossas vidas. Suas histórias são intemporais de rara beleza, convidam-nos a lembrar nosso tempo de despreocupação, momentos mágicos que vêm purificar nossas almas. Concorcet é um grande poeta e estamos satisfeitos por tê-lo entre nós. A criança sonha, o adulto viveu e do mestre nos enriqueceu da grandeza de sua arte e sua alma. Há somente um amor, os vivos, os mortos! O tempo nunca vai passar, o grande poeta Condorcet Aranha permanecerá para sempre em nossos corações. Espero que através deste trabalho, amorosamente editados, fazê-lo nossas melhores homenagens. Eu escrevo porque eu sei, porque cada dia eu acordar ... vivendo. Ser um escritor significa ter a capacidade de empenhar-se plenamente, sem medo ou trauma, basta expor a sua verdade. "Ah! Vida!Que luta para preservá-la! "

ISBN: 978-2-84668-339-5 - Preço 20 €Para encomendar este livro na Biblioteca de Yvelines

http://www.yvelinedition.fr/spip.php?article538

sexta-feira, 9 de março de 2012

MUSA


 

Há momentos na vida em que a gente,
Sozinho e sofrendo não vê solução,
Mas, aí é que vem de repente,
Um alguém tendo as mãos uma linda oração.
Nos recebe, acolhe e a seu jeito,
Afasta a tristeza, nos dá esperança,
E com a arma que tem em seu peito,
Um amor tão perfeito, nos traz confiança.
E aí, no encontro da fé com a mão estendida,
O milagre, esperado, se chega e acontece,
Pra mostrar a quem ama esta vida,
O valor de uma crença e a beleza da prece.
A tristeza faz parte do mundo,
Por vezes nos acha, castiga e se vai,
Se tirarmos do peito, em seu fundo,
O barco, respeito, e içar o estai,
Para então navegar com alegria,
No mar da paixão e da felicidade,
Exibindo a bandeira que um dia,
Esteve perdida, mas, hoje, é verdade.
Entregar-se ao amor não é feio e nem mesmo opção,
É deixar que a beleza da vida te faça a ferida,
Que marca e alimenta, um feliz, coração.
E a tristeza  sem vê-lo perece, vagando, perdida.
E então enalteça quem veio,
Estendeu sua mão, na estrada confusa,
Abrigou-te no barco, em seu seio,
Resgatou-lhe o amor e se fez sua musa.