sábado, 28 de janeiro de 2012

CONDORCET ARANHA - HOMENAGEADO PELO POETA JOAQUIM MONCKS


O Poeta Condorcet Aranha foi mais uma vez homenageado, desta vez foi na coletânea do Poeta e Escritor Joaquim Moncks que publicou mais um livro pela União Brasileira de Escritores - UBE, nesta publicação os leitores iram encontrar contos, crônicas e muita poesia. O poema de Condorcet selecionado para esta coletânea segue abaixo:

TAMPA MALDITA



Mármore negro com crachá de prata,

Tampa maldita que me eternizou,

Na terra mãe, convivo com barata,

E nunca mais eu saberei que sou,

Adubo podre que a Natura mata,

Gerando frutos para quem ficou

E alimentá-los com a pura nata,

Manjar dos deuses que pra mim faltou.



Tampa maldita que me arrefeceu,

Nem me deu chance da segunda vez,

Tampou o sol, a lua e escureceu,

Sem piedade me rasgou a tez,

Sugou meus órgãos, me emudeceu,

Comeu meus olhos e assim me fez,

Cadáver cego que tudo perdeu,

Ao soterrar, também, minha altivez.



Nada sobrou da minha tessitura,

Um som qualquer duma composição,

Não posso mais sequer fazer sutura,

No destruído e podre coração.

Não concordando com a vida futura,

Nem me entregando ao mito da emoção,

Fui só pecados na existência dura,

E um gigante com a própria mão.



Eu dedilhei de harpas até banjos,

O violão, piano e o bandolim,

Com eles fiz pra mais de mil arranjos.

Tudo acabou não sei sequer de mim,

Nem conheci também os tais de anjos,

Foi tudo um nada que sobrou no fim,

Por isso estou aqui entre os macanjos

sábado, 21 de janeiro de 2012

ANDANDO SOBRE AS ONDAS



Condorcet Aranha

Trouxe no peito as lembranças, aqui na beira do mar,
Diante de bravas ondas que contra as rochas se quebram,
Formando a espuma de paz, que quero em meu coração. 
Quem sabe com tanta força, poderá me resgatar,
O amor, cedo partido, ao som das ondas que lembram,
Suas súplicas perdidas, nas vagas da solidão.

Mas assim ao por do sol, quando a brisa faz carícias,
Quando as sombras se desmancham, meu coração estremece,
Sem ser por frio ou temor, mas por paixão e saudade.
As ondas que chegam e partem, como em passe de magia,
Carregando as esperanças, de quem do amor padece,
Como eu, quase descrente, se Deus é mesmo verdade.

Ao chegar de ondas fracas, com sacrifício, na praia,
Sequer eu presto atenção, pois não seriam capazes,
De trazer o amor tão grande que mora em minha saudade.
Que em cada por desse sol, minha fé, jamais se esvaia,
Que as dúvidas que roem, permaneçam eficazes,
Pra que jamais eu consiga, sair dessa ambigüidade.

Quando o sol não me visita, a solidão é maior,
Pois a saudade me segue, teimosa e impertinente,
Criando ondas de angústia, nas praias do coração.
O peito quase que explode e nem sei o que é pior,
A esperança perdida ou a descrença da gente,
Que com fé, mas sem amor, nem entende o tal perdão.

Resta-me agora, eu sei, controlar meu sentimento,
Sair da beira da praia, ir mais longe, em alto mar,
Onde em busca da verdade, colocarei minhas sondas.
Se, mesmo assim não acha-la em nenhum compartimento,
Seguirei a cada instante, como um tolo em meu sonhar,
Como agora imagino, ir andando sobre as ondas.

Como a espuma se dissolve, nas ondas que o mar revolve,
Também a minha esperança, diluiu nos desencantos,
Da paixão que terminada se transformou em saudade.
Assim aguardo a partida, na vaga que me envolve,
Nesse tempo inconseqüente, que me roubou tantos prantos,
Pra juntar meu nada ao nada, o fiel dessa verdade.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

AOS MEUS RESTOS



       Condorcet Aranha

Assim como aos meus restos, faltarão amigos,
Nas alças de cor prata do meu mortuário,
Na vida faltarão, de certo, alguns abrigos,
Aos arrependimentos dos que mercenários,
Sequer sentiram que eles, eram os protegidos,
Do amor e ensinamentos que lhes dei, diários.

Talvez alguns estranhos depositem flores,
No vaso sujo e velho sobre minha cova,
Porque seus corações que já perderam amores,
Mantém a esperança, que não esvai, renova,
Alimentando forças que apesar das dores,
Ao fim dessa jornada, pura ilusão,
Porque qualquer matéria que termine em pubo,
Suportam suas vidas, apesar da sova.

Portanto nem me importo se for só adubo,
Faz jus estar na terra, como uma porção,
Mesmo que acuado e tendo à face o rubo,
Por medo de enfrentar a grande multidão.

Por isso, até entendo por me ver sorrindo,
Diante de uma flor que em seu desabrochar,
Exibe-se ao vento, num dançar tão lindo,
Seguindo a melodia do pássaro a cantar,
Enquanto, à tarde, o sol que vai se despedindo,
Lembra-nos que a noite, vem com seu luar.

Mas quando o amanhecer e o sol não mais brilharem;
As flores não existirem e a brisa não vier;
Os pássaros faltarem, e jamais cantarem?
Sorria no ataúde se você puder!
Porque a natureza, ao ciclo completar,
Deixa-nos um nada, na dor de uma mulher.









domingo, 1 de janeiro de 2012

LEMBRANÇAS QUE O PEITO APERTA



Condorcet Aranha


Arranjam-se as lembranças que se sobrepõem,
Nas prateleiras vagas que o tempo oferta,
No aguardo das saudades que nos recompõem,
Nas horas de angústia em que o peito aperta.

São, no presente, as passagens do passado,
Que no futuro, certamente, voltarão,
A confortarem, o coração, já tão magoado,
No qual não há mais um espaço pra ilusão.

Lembrar somente de um sorriso que partiu,
Ou das palavras inocentes que deixou,
Não criam casca nesta alma que feriu.

Perdoe Deus se minha fé agora esvai,
No descompasso desta vida aonde estou,
Porque aquele que levaste!..Fez-me pai.