sexta-feira, 19 de outubro de 2012

APENAS VOCÊ



Por tudo que você é e tudo que você tem,
Prefiro curtir saudade, a ter que viver outro bem.
Não vou jogar esperanças na roleta do destino,
Nem ter ilusões, sequer, de inconseqüente menino.

Sozinho eu vim para o mundo e chorei ao despertar,
Senti medo e insegurança, mas tive que enfrentar.
Por isso não vou recuar, diante dos desafios,
O galo que hoje canta, ao nascer, só dava uns pios.

Se você existe e é, integral, o meu desejo,
Viverei a eterna busca, para chegar ao que almejo.
Não vou contra o sentimento, que suga meu coração,
Porque a vontade é una, de possuir sua mão.

Nem sei como conseguiu, o Deus, ter tamanho gosto,
E reunir tanta beleza pra guardar num mesmo rosto.
Na silhueta do corpo, não foi menos prepotente,
Exibiu a sua arte, de costa e também de frente.

No sopro, ao lhe dar a vida, continuou sua obra,
Expirou-lhe a paz da pomba, inspirando o fel da cobra.
Deixou sua alma branca, sem manchas, imaculada,
Repleta de amor a dar. E de mal? Ficou sem nada.

Seu jeito, seus movimentos e a cadencia do andar,
Trazem tranqüilidade e paciência ao se chegar.
Mas quando estás de partida, com sua suavidade,
Antes que a imagem suma, já nos enche de saudade.

Por isso não sei dizer, como será minha vida,
Nos versos irei chamá-la, apenas “minha querida”.
Mas se tal não for verdade e até não acontecer,
Ser-me-á, toda essa vida, um infinito sofrer.

Porém quem soprou a vida, em teu coração afável,
Quer repetir essa obra, é certo e inevitável.
Assim perdura a esperança, sugando meu coração,
Que se for merecedor, ganhará esse quinhão.

Nesse jogo que eu entrei, por forças do interior,
Não há blefes nem tramóia, são chagas de um forte amor.
Se, estarão sempre abertas ou logo se fecharão,
Só saberei ao sentir, a sua, na minha mão.