domingo, 16 de janeiro de 2011

TRAMA

Condorcet Aranha


A vida nos castiga, lentamente,
Cortando, a cada dia, o nosso espaço,
Enquanto absorve, friamente,
O nosso corpo frívolo de aço,
Blindagem que sequer protege a gente
Do tempo que, de nós, faz um bagaço.


Depois de nos criar tanta ilusão.
Após a inocência da infância,
Nos faz bater no peito um coração,
Capaz de amar bastante, em abundância,
E vir, logo depois, como um tufão,
Soprar nossa alegria à distância.


Incrível a sutileza dessa trama,
Na qual nos envolvemos, em seguida,
Sem ver como é cruel o nosso drama,
Sequer sentir que alma é consumida,
Enquanto, a morte aguarda, com a proclama,
Pro casamento eterno, o da partida.


Mas, antes, a tal vida insatisfeita,
Nos dá a solidão por companheira.
Também, a mil saudades, nos sujeita.
Depois?  Nos abandona sorrateira!
Já mórbido então a gente deita,
Na urna funeral e derradeira.
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Associazione Culturale Savonese “ZACEM” – Concorso Leterrario Internazionale “Premio Città di Savona – Enrico Bonino” (menzione speciale migliori concorrenti estero)

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