sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AQUARELA DO AMOR

Condorcet Aranha 

Olhando o verde do mar,
O puro azul desse céu,
O sol dourado a brilhar,
Estou sonhando e aréu.

A abelha pousa na flor,
A brisa me tange a face,
Gostoso e suave odor,
Estou como Lovelace.

Branco véu da cachoeira,
O rio que corre solto,
Mergulha a águia-pesqueira,
Estou, na verdade, envolto.

Envolto em tanta beleza,
Razão própria dessa vida!
Por isso é que a natureza,
Deu-nos medo da partida!

Pela trilha corre a anta,
O passarinho que canta,
O sol que cedo levanta
E um colorido que encanta!

Araras que cruzam o céu,
Fazendo um grande escarcéu!
Nuvens do branco ao griséu
Realizando um bailéu!

Escravo da liberdade,
Por toda a minha existência!
Com a companheira saudade
Vivo da benevolência!

Mas se quando ela chegou,
Na vida, perto de mim,
Todo o peito me tomou,
Qual fragrância de jasmim.

Com sua doce brancura,
O liso cabelo louro,
Trouxe-me a tal ternura
E o mais rico tesouro!

Tesouro que não tem jóias,
Mas tem maior esplendor!
Que nos leva às paranóias
E que chamamos de “amor”!

Ela, como a natureza,
Quase tudo que eu queria,
Além de toda a beleza,
Com mais me receberia.

Pois só Deus benevolente
E estrelas com muito brilho,
Depois de criar-nos gente,
Por presente dá-nos filho.

Por isso é que a gente tem,
Ao fim de nossa jornada,
Que apenas dizer amém
E não reclamar de nada.

Quando o corpo se despede,
Da alma iluminada,
É seiva que a outro cede,
Para uma nova alvorada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário