domingo, 23 de janeiro de 2011

RAZÃO DOS TEMPOS

Condorcet Aranha

Estou num mundo inseguro,
Cruel, sem fé, muito duro.
Na janela tenho grade,
Pelo medo que me invade.
Na porta mantenho a tranca,
Do pavor que me atravanca.
Coração angustiado,
Tem um dono e é dominado.
A alegria que me invade,
É do tenro da idade.
Se, no peito cresce o amor,
Com ele vem muita dor.
Porque viver agarrado,
Se todo elo é quebrado?
Sorrisos por todos cantos,
Mas que ao fim são fortes prantos.
Porque os ,“bom-dias”, meus,
Terminam, num só “adeus” ?
E a paixão da jovem idade,
Porque acaba em saudade?
Quando o amor é esperança,
Criança vira lembrança.
Se, falo, acabo escutando,
Se, escuto, acabo falando.
Esse Deus que tanto chamo!
É pela vida que amo?
Mas se ela é passageira,
Para que, sentir-lhe, inteira?
Se, a luz que me ilumina
E que aos meus olhos fascina,
É do sol que esquenta o peito!
Certamente é por defeito,
Que a idade me põe no leito.
Então com medo na alma,
A verdade é quem me acalma.
Sentindo o frio dos ventos,
Pela razão dos tempos.
Se à vida cheguei com medo,
E parto achando que é cedo!
Não vi sequer, resultado,
Nesse ciclo terminado.

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