domingo, 6 de fevereiro de 2011

O HOMEM, O SAPO E A FLOR

Condorcet Aranha

À beira do lago um sapo,
Ao seu lado está a flor,
Do sapo escuto o coaxar,
Da flor eu sinto o odor.


Do sapo só vejo os olhos,
Da flor a cor nem percebo,
O sol se foi, era tarde,
A noite chegou, bem cedo.

Falsas marolas no lago,
Do sapo que movimenta,
A noite já nos domina,
A lua é que sobe lenta.

O anil do céu enegrece,
Tal qual a luz que apago,
Muita estrela que aparece,
Bordando a água do lago.

Forma-se um clima lindo,
A natureza é alegria,
O sapo, o lago e a flor,
Meu coração inebria.

Sinto, fundo, dentro d’alma,
Tal qual o sapo a coaxar,
Um desejo muito forte,
Da companheira, encontrar.

Então canto à natureza,
Canções com aroma de flor,
Tão doces que a melodia,
Enche o  meu peito de amor.

O sapo já satisfeito,
Nas pedras tem seu abrigo,

Enquanto eu, seu amigo,
Animado me deleito.

As estrelas cintilando,
Na superfície do lago,
Imitam ao véu e grinalda,
Da noiva que tenho ao lado.

Obedecendo aos preceitos,
Sociais e naturais,
Eu e também o sapo,
Queremos um algo a mais.

Algo mais, bem corriqueiro,
Que preenche o sentimento,
Pois, das duas ela é uma,
Razão para o casamento.

Ninguém é dono de nada,
Do mundo e tudo que tem,
Pois, quem tem dois, dando um,
Não faltará pra ninguém.

Se, apenas olhei o sapo,
O lago, a flor e cantei,
Qual o sapo, a companheira,
Por sorte, também achei.

Se sempre nos respeitarmos
Cada um viver seu canto,
A vida será feliz,
Ninguém verterá o pranto.

O homem, o sapo e a flor,
O aroma, estrelas, a noite,
Aos incrédulos da vida,
É sempre terrível açoite.

Paz, carinho, muito amor,
Só cabem no coração,
Dos homens que têm n’alma,
Um feitio de oração.

      Palavras amenas, doces,
      Bem claras, nada de “papo”,
      Serão, assim, as verdades,
     Como o coaxar do sapo.


     Agora que estou seguro,
     Vou pelo caminho certo,
     Pois, vejo longe a tristeza
     E sinto a alegria perto.



    Depois dos, muito, amanhãs,
    Sapo velho e eu também,
    Partiremos desse mundo,
    Onde não fica ninguém.



    Será duro separar-se
    Da companheira fiel,
    Tal como escrever bilhete,
    Quando não há mais papel.


    Então, só quem for depois,
    Curtirá toda amargura.
    Após a vida feliz,
    Perderá toda ternura.



   Aí nos olhos do sapo,
  Que ao cair da tarde eu vi,
  Brotará mais uma lágrima,
  Por ela e não que morri.
_________________________________________________________________________
2º Lugar no Concurso Nacional de Poesia Prêmio Academia Literária de Barretos - SP.


Nenhum comentário:

Postar um comentário