domingo, 3 de abril de 2011

FOI UMA ESCADA DE FLORES?


Condorcet Aranha

Sessenta e cinco degraus na escada da minha vida,
São evidentes os sintomas de um coração combalido,
O que ainda bate apertado neste peito constrangido,
Envergonhado do mundo que lhe empresta uma guarida,
Em meio a corrupção, os crimes, vícios, perdido,
Sem rumo e querendo a paz como a branca margarida.

Como pôde a escada em rosas que até aqui percorri,
De aroma doce e suave exalado das gardênias
Deixar-me só, nesse instante, sem teu amor e sem ti?     
Assim, eu julgo as palavras como se fossem blasfêmias,
Pois sem o azul de teus olhos neste céu que eu tanto vi,
Restou-me só as saudades das noites pedindo vênia.

Eu gostaria Senhor que ao terminar minha escada,
Encontrasse todas flores que cultivei nos degraus,
E ter aquela tão linda, também a mais perfumada,
Que me tomaste sem dó para o teu jardim de caos,
Pois não consigo entender já no fim da minha escada,
Este precipício infindo entre os horrores dos maus.

Perdoe a sinceridade, eu não compreendo ao santo,
Se meu amor foi terreno e a paixão material,
Quando o meu amor partiu, eu sofri um grande espanto.
Como a dor de uma espada que a romper meu peitoral,
Soltou meu sangue tão rubro quanto a flor do agapanto,
E as esperanças qual folhas a esmo no vendaval.

Quando embaixo dos meus pés não mais houver um degrau;
Meu peito estiver parado e o coração sem saudade;
Meu nome no obituário do mais popular jornal;
Direi Senhor, a verdade da dor cruel que me invade,
Pois ao tirar meu amor, vejo agora, foste mau.
Além da felicidade, perdi também a bondade.

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