sexta-feira, 22 de abril de 2011

RESÍDUOS




Condorcet Aranha


Resíduos de esperanças me incrustam a alma,
Cultivam a minha fé que, hoje, já capenga,
Enquanto me esforço pra manter a calma,
Num resto de viver, mantido a lengalenga,
Tão curto e precioso que o abrigo à palma,
Sem nunca abrir a mão pra não causar pendenga.

Resíduos de ilusões ainda me salpicam,
Idéias rebuscadas num passado antigo,
Aonde existem pares que comigo ficam,
Lembrando que no mundo ainda há amigo,
E embora suas pernas quase nem resistam,
Com esforço se aproximam pra ficar contigo.

Resíduos de paixões que a vida me brindou,
Que agora são fagulhas de lembrança pobre,
De uma fogueira enorme e que se apagou,
No vento desse tempo e talvez pouco sobre,
Pra sustentar acessas fagulhas do que amou,
Meu coração cansado, embora se desdobre.

Resíduos de saudades que me chegam brandas,
Mas cujos sentimentos se transformam em árduos,
Porque não podem mais suprir minhas demandas,
De ter ou de rever, qualquer dos indivíduos,
Aos quais faremos pares, sob as mesmas cangas,
Pois, logo, todos nós seremos, só, resíduos.

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