sábado, 30 de abril de 2011

MINIREVISTA LITERÁRIA - CONTANTO E POETIZANDO


Condorcet Aranha

ESPELHO DO ADEUS


Na sucessão de espelhos que refletem a vida
Perdi-me muitas vezes nos emaranhados,
Mas pude me encontrar na figura distorcida
E entender a dor cruel dos derrotados.

Então multipliquei imagens nos espelhos,
Complexas ou cobertas de simplicidade
Que agora aos olhos fracos, ardidos e vermelhos
Só fixam a imagem indelével da saudade.

Também me faltam o rumo e as forças desses braços,
Que durante a vida tênue, como as tais mentiras,
Tornaram delicados, hoje, os meus abraços,
Que aguardam compaixão e desconhecem as iras.

Só um desses espelhos me gravará na morte,
A imagem derradeira que não observei,
Não sei se vou pro sul ou chegarei ao norte,
Mas parto acreditando que ainda voltarei.

Porém se houver um bis pra essa vida chata,
A persistir vazia como a de agora,
Não voltarei aqui nem sendo magnata
Pra ser só outra imagem? Quero ir embora.

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