sábado, 14 de maio de 2011

O BRASIL ESCRAVO DE SUA LIBERDADE


Condorcet Aranha
                                                                                   
  
       Esse é o momento brasileiro, um navio ainda sem rumo deixado ao mar por um capitão cheio de medalhas e de alma vazia.
       Formação universitária, títulos e sei lá mais o quê não são o certificado de capacitação para se administrar um País tão rico em seus recursos naturais. É preciso, antes de qualquer coisa, ter sido brasileiro desde a primeira infância e por toda a vida. Ter nascido nos hospitais conveniados com o INSS, alimentação deficitária, estudado em escola pública durante todo o seu ciclo estudantil (até aqui falei o óbvio e o direito de todo o cidadão) e concretizado seus ideais, como primeiro colocado de num concurso vestibular numa Universidade Federal da grande Capital (agora falei o impossível e viajei além da imaginação), concluído o curso superior como um dos melhores acadêmicos e finalmente conseguir o primeiro lugar, em concurso público, para uma Instituição de Pesquisa Científica do País (aí então, nem pensar).
      Precisamos é repensar nosso procedimento como cidadãos. Apesar de termos muitas entidades representativas de classe como associações, sindicatos, etc...todas estão destituídas de força representativa e, para percebermos esse fato, não precisamos nos esforçar e nem procurar. A comprovação dessa realidade está diante de nossos olhos e quase que diariamente, basta que precisemos de alguma coisa delas.
       Um país realmente democrata não precisa ser governado por intermináveis medidas provisórias e nem tampouco, comprar os votos dos inatingíveis e rapinas senadores e deputados, numa demonstração pública do caráter daqueles que erroneamente colocamos, iludidos pela força financeira de uma falsa mídia, através de votos inocentes, como nossos lídimos representantes.
      A desmoralização e a desestruturação dos órgãos públicos é conseqüência das mazelas dos integrantes corruptos de nossa administração pública, muitas vezes acobertados e protegidos por políticos da mesma laia. Os bens e próprios públicos, são vendidos como sucatas em feiras livres, sob a alegação de serem deficitários e prejudiciais à economia do País, deixando-nos fugir das mãos as rédeas de corsários imprescindíveis à nossa carruagem, na caminhada, rumo ao progresso com liberdade e atrela-nos aos interesses escusos e imperialistas de capitais estrangeiros de economias centralizadas e nas mãos de meia dúzia de países que tentam de todas as formas, até mesmo fomentando guerras, sob a máscara de uma enfadonha globalização que apenas busca, com esse intento inescrupuloso, a bem da verdade, escravizar-nos no terceiro milênio.
       Quem prima por desmoralizar seus próprios funcionários e conterrâneos, culpando-os por escassez de recursos na previdência e outras instituições públicas, mas sem coragem suficiente para dizer lá fora, que a escassez dos fundos é conseqüência dos roubos descarados de seus colegas de atividade, seus reais parceiros na destruição moral desse nosso Brasil, não merece respeito desse cidadão que vos escreve. 
      Chamar-nos de caipira até concordo, porque caipira na acepção da palavra, é um homem do campo, simples, trabalhador, sem grandes ambições, comparsa da natureza a quem tanto ama e acima de tudo, honesto. Mas honesto mesmo, aquele que não precisa assinar nenhum documento para cumprir sua palavra. É aí que até concordo com o pretendido menosprezo, pois lá nos palácios planálticos não circula certamente, um caipira sequer.
      É disso que precisamos, povo brasileiro, escolher alguns caipiras para ocuparem todos os postos administrativos e públicos desse país.
      Basta de “almofadinhas”,  falsos defensores da pátria, larápios, bandidos e traficantes.
      Poupem-nos de falsas e irresponsáveis filosofias e indesejáveis “sabidos demais”.
      Administrar com sucesso uma terra tão grande e rica, só é viável, com verdadeiros caipiras, aqueles que conhecem a textura do solo com a sola dos pés, que protegem a natureza com unhas e dentes ou com a própria vida, a qual também tiraram dessa natureza, com quem sempre dividiram o espaço.
      Precisamos devolver às mãos do brasileiro de fato, essas terras que ele tão bem conhece. O caipira capaz de escutar o canto do sabiá, o tremular das folhagens ao zéfiro das tardes e o estrilar das asas dos grilos, quando o negro véu da noite, vem acalentar seu sono. Como é bom ser caipira, deitar a cabeça no travesseiro e apenas dormir. Lavar e descansar apenas o corpo, porque a alma está sempre limpa e alerta aos interesses maiores e verdadeiros da comunidade e de seus irmãos.
      Até quando teremos que pagar com nosso suor e nossos parcos salários, atafulhados de impostos cruéis, vendo nossos direitos retirados através de reformas salvadoras, sejam administrativas, políticas, sociais, etc..., etc..., ou  ainda programas contra a fome, miséria, doença, educação, cultura, segurança e coisa e tal? Afinal de contas quem é responsável por administrar o País? Os políticos ou nós cidadãos, eternamente humilhados? “Se virem”, conforme cada cidadão “se vira”, para não morrer na véspera e numa esquina qualquer dessa terra de desmandos, pelo aço de uma bala perdida.   

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