Condorcet Aranha
Trabalhou por toda a vida,
Em condição muito pobre,
Passou fome, sentiu frio,
Pagando imposto pro nobre.
O sustento de seus filhos,
Foi um sacrifício eterno,
No casamento da filha,
Nem pode vestir um terno.
Foi teimoso e persistente,
No calendário da vida,
Sobreviveu aos percalços,
Pra ver etapas vencidas.
Esse cara endiabrado,
Magistral e corajoso,
É nosso trabalhador,
Que do governo tem nojo.
Ficar velho é desafio,
É vencer a inanição,
Sobreviver sem salário
E o infarto do coração.
No lixo de certas casas,
Vai pro aterro miudeza,
Que em outras, muitas, é certo,
Nunca chegaram à mesa.
Derrotam muitas doenças,
Sem sequer tomar remédios,
Mas não sei se, os caros nobres,
Resistiriam esses tédios.
Quem nunca sentiu, a fome,
Ruminar-lhe na barriga,
Não é exemplo pra nada,
É pó, de uma peça antiga.
Trabalhador nessa terra,
Onde nasci e amo,
Com certeza só se “ferra”,
É um eterno “cigano”.
Sua morada é caixote,
Plástico e terra pisada,
No coração que ele guarda,
Como nós, tem uma amada.
Amada que lhe dá filho,
Tal qual a nossa nos deu.
O nosso? Forte cresceu.
O dele? Apenas sofreu.
Quanta maldade no mundo!
Exclama a sociedade.
Mas quem viveu lá no “fundo”,
Só conheceu a maldade.
Sobreviver em locais,
Onde a pobreza impera,
Quem é forte come mais,
Quem é fraco sempre espera.
Só come quando tem sobra,
Ou quando ninguém mais quer.
É como o trabalhador,
Depois do filho e mulher.
Num chão em que tudo dá,
No espaço que é comum,
Fartura se dê a todos,
E não apenas pra um.
Pequeno grupo de elite,
Que diz administrar,
Que na calada da noite,
O que faz, é nos roubar.
Roubar direitos antigos,
Conquistados sob luta.
Enquanto nossos anseios,
A nos ceder, se refuta.
Invés de elogiar,
Aos funcionários que tem,
Vomita injúrias maldosas,
Que não faz jus a ninguém.
Mas se tiver funcionário,
Que mereça a distinção,
Esconde-se lá no palácio,
Não noutra instituição.
São ministros, senadores,
Mais alguns, seus, seguidores,
Que metem a mão no tesouro,
Exemplos, dos meus senhores.
Não venha com nhem, nhem, nhens,
Chamando-me “caipira”,
Pois quem te escutou lá fora,
Confiança, não inspira.
Subjuga-se ao dinheiro,
Que vem lá do estrangeiro,
Quem for muito interesseiro,
Ou bem pouco brasileiro.
Vencer com o que tem nas mãos,
Distribuindo pra todos,
Demonstra capacidade,
Não é faz de conta; engodos.
Quem filosofa a verdade,
É líder, inteligente,
Não menospreza seu povo,
E agrada a toda gente.
Desenvolver um país,
Para agradar dez por cento,
É deixar sem pingo, os “is”,
Tem cabeça de “cimento”.
Quem pensar apenas pouco,
Tiver na mente esperança,
De um futuro melhor,
Cuidará só da criança.
Com o que lhe sobra à mão,
Atende a sociedade,
Vem a paz no coração,
Some a criminalidade.
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