quarta-feira, 22 de junho de 2011

SER E ESTAR


Condorcet Aranha

Se, dizem, as auguras, que a vida e o destino,
São meras venturas, quimeras da mente,
Em sonhos vertidos do seu desatino,
Tal qual a razão de ser bicho ou ser gente,
Quem sabe se fosse real do Divino,
Não fosse mentira de ser um vivente.

É ter liberdade e poder-se pensar,
Sentir-se alegria, a tristeza e a dor,
É ter o direito de ser e estar,
Chorar pela perda e curtir-se um amor,
Que nunca se pode no peito levar,
Devido à verdade do fim, o torpor.

Se, vejo, meus pés, a pisar no horizonte,
Se, sinto, da morte, a alma gelar,
Se, tenho, uma brisa, a brindar-me na fronte,
Se, esquenta-me, o peito, um sonho sonhar,
É como um espelho, ao alcance, defronte,
É ter a certeza de ser e estar.

Poder alterar a razão das verdades,
Poder perceber a razão das mentiras,
Sentir, entender que nem sempre as bondades,
São, só, ilusões recebidas em tiras,
Que trançam o futuro de felicidades,
Isento de mágoas e alheio às iras.

Apenas eu vivo, eu sinto e percebo,
Carrego nos ombros o peso da cruz,
A cruz do destino que fiz e recebo,
Por livre vontade e se não me seduz,
Eu sou e estou esse velho mancebo,
Onde vão pendurar os exemplos de luz.




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