segunda-feira, 6 de junho de 2011

JÁ NOITE, CHEGUEI CANSADO.



Condorcet Aranha


Já noite cheguei cansado,
Do meu trabalho, suado,
No berço estava deitado,
Meu filho debilitado.

Perguntei ao Céu:  Porque?
O filho de um homem honesto,
Trabalhador nessa pátria,
Só tem que viver de resto.

Indaguei olhando à esposa,
Já sem seios, só costela.
Que posso mais eu fazer,
Pra ter o respeito dela?

Não tem forças nem tem leite,
Pra criar seu próprio filho,
E embora a tudo ela aceite,
É ato de arremedilho.

Volto ao Céu desesperado:
Porque nunca me responde?
Toda a vida eu sou  surrado,
Por alguém que se esconde!

Esconde-se no azul do céu,
Qual juiz onipotente,
Tratando-me como réu,
Esquecendo que sou gente.

Assim na dúvida vou,
Até no dia do adeus:
Não sei se, ao homem, criou,
Ou o homem criou o Deus.

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