sexta-feira, 12 de outubro de 2007

CADEIRA DE BALANÇO



Condorcet Aranha

Aqui neste lugar,
No balanço da cadeira,
Sempre vinha descansar,
Onde a vi, na vez, primeira.

Era linda a primavera,
Há muitos anos atrás,
Você a minha quimera,
E eu, um jovem rapaz.

Quanta alegria no peito,
Que tremenda sensação,
Teu olhar meio sem jeito,
Quando peguei tua mão.

Foi por instinto? Talvez!
Quem sabe, por sedução?
Fiquei eterno freguês
Da força do coração.

Sorriso nos lábios finos,
Tanta ternura no olhar,
Muita paz dentro do peito,
Na cadeira a balançar.

Ante eu, tão grande encanto,
Um convite a ser feliz,
Cobriu-me, de paz, um manto,
Apaixonado, me fiz.

Naquele inverno casamos,
Juntamos nossos destinos,
A musa de muitos anos,
Ficou mãe dos meus meninos.

Após um dia de lida,
Ao chegar ao nosso lar,
Na cadeira estava a vida,
Meu amor, a balançar.

Nos invernos, se voltava,
Cansado do meu trabalho,
Na cadeira te encontrava,
Encontrava o agasalho.

Ao chegar, todo em suor,
Nas tardes de primavera,
Tinhas na mão uma flor
E as duas à minha espera.

Mas, na volta derradeira,
Nem podia imaginar,
Ver a vida e esta cadeira,
Vazias, a balançar.

Então, no chão uma flor
E o lenço perfumado,
Diziam adeus ao amor,
Do outro amor acabado.

Um comentário:

  1. Meu pai sempre soube, ser esta uma das minhas prediletas. Linda composição poética!

    ResponderExcluir