segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A velha nau

A VELHA NAU

Condorcet Aranha

Se a velhice fosse um infortúnio
E a morte apenas um naufrágio,
Eu não teria hoje esse presságio,
Olhando o céu e vendo o plenilúnio.

Quando o amanhã, já for nosso futuro,
Nas mãos dos jovens viveremos mais,
Pois, como a nau, a navegar no escuro,
Aportaremos em milhões de cais.

Os anos passam, assim, com rapidez,
Nos seca o corpo e enruga a nossa tez,
Mas nos oferta a luz, sabedoria.

Então olhando a lua, linda e cheia,
O mar revolto, a nau não mais receia,
Pois sabe ver, no adeus, só alegria.

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