A VELHA NAU
Condorcet Aranha
Se a velhice fosse um infortúnio
E a morte apenas um naufrágio,
Eu não teria hoje esse presságio,
Olhando o céu e vendo o plenilúnio.
Quando o amanhã, já for nosso futuro,
Nas mãos dos jovens viveremos mais,
Pois, como a nau, a navegar no escuro,
Aportaremos em milhões de cais.
Os anos passam, assim, com rapidez,
Nos seca o corpo e enruga a nossa tez,
Mas nos oferta a luz, sabedoria.
Então olhando a lua, linda e cheia,
O mar revolto, a nau não mais receia,
Pois sabe ver, no adeus, só alegria.
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