Condorcet Aranha
Pelos trilhos da amizade,
Do meu bairro proletário,
Carrego ainda a saudade,
Do tempo que, sem maldade,
Fez-me um velho honorário.
Da via férrea querida,
Maquinista aposentado,
Relembro a imagem perdida,
No dia da despedida,
Do trem, lá abandonado!
Na alma, muito me dói,
Punhaladas da lembrança!
Pois no meu peito corrói,
O coração e destrói,
Todo o sonho de criança!
Mas não faz mal, é um trem!
Preto, velho e abandonado.
Os trilhos novos também,
Nem mais amizade tem!
Então não fico magoado!
Nas estações do destino,
Que tem desvio e cancela!
Sinto não ser mais menino,
Pra cometer desatino!
Ao viajar dentro dela.
Com meus cabelos bem brancos,
Já quase nada me afeta!
Mas meus sorrisos são francos,
Quanto doídos meus prantos,
De um verdadeiro “poeta”!
Foste o trem da lealdade,
Que encheu a vida de graça,
Mostrando que era verdade,
A forte dor da saudade,
De ti, “Maria Fumaça”.
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