Fui caminhando pro sul, pra fronteira do Brasil,
Na imensidão devastada, da mata já derrubada,
Achei o inverso do norte, pra quem o norte já viu,
E quanto mais caminhava, mais nada somava ao nada.
Sendo visto um derrotado, não abdico da luta,
São poucas pequenas plantas, que reponho em seu lugar,
Sem verde na paisagem, seu próprio pendão refuta,
Em mim persiste a esperança, dum zéfiro a tremular.
Se, roubam à minha bandeira, o tanto verde que tem,
Se, retalham seu tesouro, do losango, que mantém,
Vivo em paz na faixa branca, do globo azul do meu céu,
Plantando as pequenas plantas, com flores que darão mel.
Não me importo se nem ligam, para as plantas que eu planto,
Nem me importo se desdenham, levantando as sobrancelhas,
Nos meus remendos do verde, fico livre, alegre e canto,
Pois me agradecem felizes, ao revoarem, as abelhas.
Muitas flores desabrocham, dessa pequena atitude,
Os aromas se difundem, espalhando mil saudades,
Quem poucas plantas plantar, demonstrará a virtude,
Quem delas abdicar, se somará nas maldades.
Num mundo globalizado da saga capitalista,
O interesse maior, é o lucro de imediato,
Duvido que na ciência e na verdade ele invista,
Pois é escravo da gula e não lhes somos bom prato.
Mas como já disse antes, da luta não fugirei,
Até no dia da morte, um pingo verde farei,
Não vai sucumbir em mim, o orgulho brasileiro,
Nem ferir o meu rincão, a ambição do estrangeiro.
Se a cada dez conterrâneos, que vivem a me contestar,
Só três fizessem o que faço, com consciência, plantar,
Não sofreriam mais, frio, as margens de nossos rios,
Envolvidas pelos mantos, no verdejar de seus fios.
Voltariam a clarear e avolumar nossas águas,
Carreando vale abaixo, do peito, todas as mágoas,
Mostrando pra natureza que somos só parte dela,
Que temos no coração, a flama verde-amarela.
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