domingo, 15 de julho de 2012

DESAMOR





Senti que o teu semblante arrependido,
Moldura de um sorriso, de manhã,
Tentava arrefecer tua atitude,
Injusta, a temer haver perdido,
O amor que, mal dormido no divã,
Frustrou-se com as palavras sem virtude.

Pensaste que na aurora um teu sorriso,
Seria o linimento a confortar-me,
Depois da longa noite eu ter sofrido?
Não penses que a vida é um paraíso,
Que podes, por amor, subjugar-me,
Porque quem sabe amar, já tem juízo.

Quem ama de verdade não perdoa,
Àquele que lhe trai o sentimento.
Não leva pela vida o desamor,
Nem lágrimas vertidas num momento,
Por quem o fez passar por coisa à toa,
Qual simples objeto e sem valor.

Agora curtirás noites “a fio”,
Na ausência de carinhos verdadeiros,
Chorando à cabeceira do divã,
Nas trevas do desprezo e do vazio,
Na angústia dos momentos derradeiros,
Que trazem a solidão, também irmã.

Serão as tuas lágrimas sinceras;
Serão teus sentimentos quase puros;
Serão tuas palavras percebidas;
Terás sonhos reais e não quimeras,
Deitada no divã, entre os auguros,
De minhas lágrimas, agora ressequidas.

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