O Poeta Condorcet Aranha foi mais uma vez homenageado, desta vez foi na coletânea do Poeta e Escritor Joaquim Moncks que publicou mais um livro pela União Brasileira de Escritores - UBE, nesta publicação os leitores iram encontrar contos, crônicas e muita poesia. O poema de Condorcet selecionado para esta coletânea segue abaixo:
TAMPA MALDITA
Mármore negro com crachá de prata,
Tampa maldita que me eternizou,
Na terra mãe, convivo com barata,
E nunca mais eu saberei que sou,
Adubo podre que a Natura mata,
Gerando frutos para quem ficou
E alimentá-los com a pura nata,
Manjar dos deuses que pra mim faltou.
Tampa maldita que me arrefeceu,
Nem me deu chance da segunda vez,
Tampou o sol, a lua e escureceu,
Sem piedade me rasgou a tez,
Sugou meus órgãos, me emudeceu,
Comeu meus olhos e assim me fez,
Cadáver cego que tudo perdeu,
Ao soterrar, também, minha altivez.
Nada sobrou da minha tessitura,
Um som qualquer duma composição,
Não posso mais sequer fazer sutura,
No destruído e podre coração.
Não concordando com a vida futura,
Nem me entregando ao mito da emoção,
Fui só pecados na existência dura,
E um gigante com a própria mão.
Eu dedilhei de harpas até banjos,
O violão, piano e o bandolim,
Com eles fiz pra mais de mil arranjos.
Tudo acabou não sei sequer de mim,
Nem conheci também os tais de anjos,
Foi tudo um nada que sobrou no fim,
Por isso estou aqui entre os macanjos
A maturidade no existencial desse poema faz dele uma obra-prima. Parabéns ao autor. abrçs.
ResponderExcluirMarco Bastos.