quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

AOS MEUS RESTOS



       Condorcet Aranha

Assim como aos meus restos, faltarão amigos,
Nas alças de cor prata do meu mortuário,
Na vida faltarão, de certo, alguns abrigos,
Aos arrependimentos dos que mercenários,
Sequer sentiram que eles, eram os protegidos,
Do amor e ensinamentos que lhes dei, diários.

Talvez alguns estranhos depositem flores,
No vaso sujo e velho sobre minha cova,
Porque seus corações que já perderam amores,
Mantém a esperança, que não esvai, renova,
Alimentando forças que apesar das dores,
Ao fim dessa jornada, pura ilusão,
Porque qualquer matéria que termine em pubo,
Suportam suas vidas, apesar da sova.

Portanto nem me importo se for só adubo,
Faz jus estar na terra, como uma porção,
Mesmo que acuado e tendo à face o rubo,
Por medo de enfrentar a grande multidão.

Por isso, até entendo por me ver sorrindo,
Diante de uma flor que em seu desabrochar,
Exibe-se ao vento, num dançar tão lindo,
Seguindo a melodia do pássaro a cantar,
Enquanto, à tarde, o sol que vai se despedindo,
Lembra-nos que a noite, vem com seu luar.

Mas quando o amanhecer e o sol não mais brilharem;
As flores não existirem e a brisa não vier;
Os pássaros faltarem, e jamais cantarem?
Sorria no ataúde se você puder!
Porque a natureza, ao ciclo completar,
Deixa-nos um nada, na dor de uma mulher.









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