Ao pé da serra onde a terra beija o céu,
Nós construímos nossa choça de sapê,
Pra não deixar que tanto amor ficasse ao léu,
E eu pudesse completar-me de você.
O sol ficava enciumado se nos via,
Entre carícias e abraços de desejo,
E atrás da serra, avermelhado, se escondia,
Enquanto a lua iniciava o seu cortejo.
Lançava raios prateados na janela,
Que refletiam nos seus olhos cor do mar.
Mas, quando via minhas mãos no corpo dela,
Por trás das nuvens ia logo se ocultar.
Se nossos corpos se fundiam em emoção,
Ao atender nossos desejos incontidos,
A noite cálida trazia a escuridão,
Para esconder nossos momentos bem vividos.
Por quanto tempo o nosso amor pode existir?
Só nossos filhos, ano a ano, pra contar:
Rogério, César, Valentina e Ademir,
O resultado de quem soube, sempre, amar.
Pergunto ao sol, pergunto a lua e até a noite,
O que fizeram! Onde levaram meu amor!
Como resposta eu recebo um novo açoite,
Para aumentar meu sofrimento e a minha dor.
Ao esconder-me lá na choça ao pé da serra,
Eu quis fugir da impertinente e má saudade,
Mas não sabia que, o bom Deus, é lá que enterra,
A solidão, tal qual saudade, outra maldade.
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