Condorcet Aranha
Era muita chuva, chovia a cântaros.
Enquanto caminhava pelas ruas,
Levando na bagagem solidão e prantos,
Mais forte me apertavam as saudades suas.
Era verão, a tarde transformou-se em noite,
De cada raio, cuja luz riscava o céu,
Seus estrondos eram qual o açoite,
Chicoteando, jogando-me ao léu.
Não haverá pra mim, aqui, outro papel?
Que ator eu sou, sem ovação ou vaia da platéia?
Quero beber o sangue da vitória com sabor de mel,
Mas, não cuspir o pus da minha piorréia.
Chovia tanto! Que me lavou a alma,
Diluiu as esperanças que eram toscas,
Sobre a idéia ilusória, mas, ainda calma,
Deixando as tais verdades, ao sabor das moscas.
Vertia lágrimas nos meus copiosos prantos,
Que ninguém viu ou percebeu as dores.
Tal qual a chuva, eu chorei a cântaros,
Pelas ilusões vencidas, dos meus dois amores.
Amores ancestrais, sublimes, inocentes,
Que me vendo, agora, chorariam mais,
Pois tendo o próprio filho entre os indigentes,
É bem maior que o cântaro, a dor dos pais.
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