terça-feira, 26 de julho de 2011

ELA E O MAR


Condorcet Aranha

Ondas revoltas que explodem nas pedras,
Murmuram e caminham, morrendo na praia,
Trazendo saudades de alguém que, distante,
Beijou suas pernas, molhando-lhe a saia.

Exculpem os contornos, perfeitos do corpo,
Razão dos desejos que fervem meu sangue.
Imagem sublime de todos meus sonhos,
Que espero no tempo que pouco se alongue.

Quisera poder ser um raio de sol,
Levar meu calor a esta pele morena,
Deixar minhas ondas revoltas de amor,
Banharem teu corpo na tarde serena.

Quisera ser brisa e lamber seus cabelos,
Soprar do teu corpo, um resto de areia,
Por um só momento senti-la em meus braços,
Fazer-lhe carícias, divina sereia.

Banhando meus olhos na imagem que encanta,
Projeto meus sonhos além da verdade,
Pois tens no olhar a expressão de uma santa,
De gestos sutis e de extrema bondade.

Afogo-me em sonhos de tê-la pra mim,
Suplico que as ondas te deixem na praia,
Procuro na areia e nada de ti, mas enfim,
Aceito a distância a saudade em tocaia.

Porém quando um dia aprender a voar,
Irei pelo céu que é o mais curto trajeto,
E com as mãos estendidas, eu sei, vou buscar,
Meu amor, minha vida, o carinho completo.



terça-feira, 19 de julho de 2011

A BOCA DA NOITE ENGOLIU ILUSÕES



Condorcet Aranha
               
Quando a boca da noite engolia os últimos raios de sol,
E eu deitava no leito ilusões, esperanças de um novo futuro,
Ao cobrir-me com o manto da paz e sonhar com mais um arrebol,
Onde a vida com largos sorrisos, me mostrasse um mundo seguro,
Em manhãs cuja luz clareasse as belezas dos rios e matas,
Não sabia que estava perdido e, assim, submisso à verdade,
Pois, a vida é um palco difícil onde só vencem acrobatas,
Ou aqueles que pensam comprar e servir-se de felicidade.
.
Acordando em manhãs a seguir pelo tempo que tudo envelhece,
Colocando alimento na boca da noite sem muito pensar,
Fui queimando ilusões, esperanças, futuros e preces,
A pedir pela paz, união e irmandade, sem nunca encontrar.
Ao sonhar arrebóis onde o amor simplesmente acontece,
Nem sequer percebi a mesmice dos dias que, sempre a somar,
Guardavam em meu peito um acervo cruel que nunca arrefece,
Pra chegar noutra noite iludido e perdido para um novo sonhar.

Foi com pedras de sonhos que ergui meu castelo de amor,Pra lá dentro viver com pureza e verdade, e ser bem feliz,
Mas esqueci que existem a maldade, a tristeza e a dor,
Sentimentos que o tempo nos faz enxergar, nos tornando servis.
Aprendi a escutar e entender o porquê do chamado terror,
Percebi que mais importante não é o que digo, é o que o outro me diz,
Se certo ou errado será um limite, detalhe, ou lá o que for,
Capaz de guiar-nos na vida, com menos tropeço na nossa diretriz.

O tempo passou, o sonho acabou e a verdade chegou,
Sem rios e matas, sem fé e esperanças, a vida fugiu,
Sobrou a angústia do nada foi feito e que nada mudou,
Cobriu-me a vergonha de ser incapaz, apenas um vil,
Um resto de sonhos; de crença e esperança, e tudo acabou,
Na boca da noite, faminta e sedenta, que também me engoliu.
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Terminado o texto se declama apenas as palavras em negritos.
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Quando à boca da noite eu deitava no leito com o manto da paz;
Largos sorrisos; as belezas dos rios e matas,
Não sabia que estava perdido, pois a vida é um palco de felicidade.
Acordando em manhãs sem muito pensar, Fui queimando ilusões a pedir pela paz,
Ao sonhar arrebóis nem sequer percebi um acervo cruel para um novo sonhar.
Meu castelo com pureza e verdade, a maldade, a tristeza e a dor,
Que o tempo nos faz enxergar, escutar e entender,
Que mais importante será um limite, capaz de guiar-nos na vida.
O tempo passou, a vida fugiu, sobrou a angústia de ser incapaz,
Um resto de sonho, que também me engoliu.

domingo, 17 de julho de 2011

MEU NOME ? VÔ !


Condorcet Aranha


 A vida? Chegando ao fim.
Alegria? Insiste em vir.
Amor? Dor? Saudade enfim!
Querem comigo partir.

Desde o dia em que chegastes,
Nunca mais pensei na morte,
Recuperou meus desgastes,
Fez-me crer, que era forte.

Foste entrando no meu peito,
Sem sequer saber pedir,
Apertaste-me no leito
E mal me deixou dormir.

De madrugada, acordado,
Contemplo e velo teu sono,
É como um sonho dourado,
No qual eu sou o teu dono.

Perfeita é a natureza,
Ao nos dar tudo que tem,
Quando se vai a tristeza,
Outra alegria nos vem.

Alegria de você,
De quem estou à mercê,
Poder histórias contar,
E tê-lo pra me escutar.

Você que nem lembro o nome,
Que de minha mente some,
Mas é tão grande o afeto,
Que apenas te chamo: “neto”.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

ODE PARA QUINTANA



Condorcet Aranha

Poeta muito bacana
No seu simples versejar,
Até a crítica engana
Com seu modo de expressar.

Com as letras fez prosa e verso,
Com versos mostrou pro mundo
Que apesar de controverso,
Seu sentimento é profundo.

A poesia faz parte
Da alma de quem a cria,
Por isso a vida é uma arte
E o amor é poesia.

Para ele a liberdade
De expressão foi crucial,
Pois ao lidar com a verdade,
Fez sentido adicional.

Quem literatura entende
E este poeta ler,
Perceberá um duende,
Na arte de escrever.

Deu asas ao pensamento
E se expôs sem restrição,
Libertou o sentimento
Do fundo do coração.

Não temeu ser criticado
Pelos “cobras” do momento,
Nunca foi sofisticado
Mantendo o comportamento.

Sua obra que aqui ficou,
Tem teste de qualidade.
Mas, quando foi, nos deixou
Tamanha a dor da saudade.

sábado, 9 de julho de 2011

DIGA-ME


Condorcet Aranha

Ao mundo abriste meus olhos
Mas, com ação bem sutil,
Colocou-me os tais antolhos,
Da inocência infantil.
Depois me fez crescer,
Deu-me força e ambição,
Pernas boas pra correr,
Pra trabalhar minhas mãos.
Pôs muito amor no meu peito,
Deu-me: pais, avós, irmãos,
Mas, tudo lá do seu jeito,
Sem escolha: “o quero ou não”.
Liberou-me o questionar,
Com um rico imaginar,
E até posso contestar,
Mas nada posso mudar.
Deu-me a linda natureza,
Estrada longa e horizonte,
Mostrou da água a pureza
E onde nasce na fonte.
As matas, que coisa linda!
Flores, copas verdejantes,
Animais, aves que, ainda,
Voam soltas, são cantantes.
E este céu de lindo azul,
Com alvas nuvens vagando,
Rumo ao norte, talvez sul,
Na leve brisa rolando.
Quando a noite, sorrateira,
O azul do céu vem roubar,
Chega a lua altaneira,
Com as estrelas, a brilhar.
Mesmo, quando o véu da noite,
Se junta com a tempestade,
A fúria do seu açoite,
Só me dói como saudade.
Porém, o tempo implacável,
Maturando a minha alma,
Faz-me, sim, mais vulnerável,
Traz verdades, leva a calma.
É aí que eu me pergunto,
Debruçado na razão,
Ao refletir sobre o assunto:
O que me resta na mão
Se, aos poucos, toda beleza,
Vai perdendo o esplendor?
De que serve a natureza,
Quando se perde o amor?
É só no ocaso da vida,
Com a lógica presente,
Que vejo a grande ferida,
Aberta em mim, de repente.
Já não há, mais horizonte,
Nem pai, nem mãe ou irmão,
Não tem mais água na fonte,
Nem lugar pra ambição.
O que resta nesta hora,
Com enorme dimensão,
É o vazio, a quem se implora,
Um segundo de atenção.
Mas, se foi caso pensado,
Tudo isso que me fez,
Já estou recompensado,
Por ir embora de vez.
Oh! Deus! Com sinceridade,
Se, tudo que dás me tira,
A vida é uma grande verdade
Ou gigantesca mentira?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A BIGAMIA


Condorcet Aranha

       Juntos no mundo desde a mais tenra idade compartilhamos nossas dores e alegrias. Lembro de quando demos os primeiros passos, ficamos em pé e, a partir daí, descobrimos os primeiros brinquedos. Vocês lembram daquela bola de borracha amarela que mamãe nos deu? Atrás da qual corríamos e chutávamos dias e dias contra a parede... Até que furou? Pois é, que cheiro ruim de borracha havia dentro dela. Depois, vieram outras de plástico e de couro, de varias cores, mas aí, éramos adolescentes e, jamais nos preocupamos com que os outros falavam, lembram? Quantos nos chamavam de moleques!...  E daí? Curtíamos a vida com real prazer e a felicidade, foi dos pratos servidos pela existência, àquele que mais saboreamos.
       Todos apostavam que a partir desse momento, com a chegada da adolescência e o correr dos anos, nossos interesses fariam romper nossa cumplicidade, porém, nada disso aconteceu, ao contrário, continuamos nossa jornada ao longo da vida, cada vez mais cúmplices. Sempre apoiado pelas duas companheiras, estudei, formei, constitui família, criei filhos. Nunca tivemos, sequer, um incidente. A paz, o respeito e o amor coroaram de glórias nossas vidas e todas as empreitadas às quais nos propusemos. Fomos muito felizes, porém, agora, na velhice, parece-me que algo não anda bem entre nós. Sinto-as insatisfeitas, ressentidas, negando-se à minha companhia, não querem mais me acompanhar nas andanças, reclamam de dores, da idade e de desconfortos. Será que as levei por estradas proibidas, forcei-as por caminhos espinhosos, escravizei-as aos desejos de uma mente espúria, a enveredar nos ambientes nebulosos, onde, talvez, a honestidade, moral, respeito, tiveram que ceder espaço às idéias, deveras, mirabolantes? Não! Juntos, experimentamos as maravilhas que este mundo nos disponibiliza, apreciamos no horizonte a paisagem inalcançável, atravessamos cada esquina ou campo, embaixo de luzes incandescentes ou sob o sol dourado e quente, a descobrir no colorido das floradas, não só belezas naturais, mas, desfrutamos dos aromas, cítricos ou doces, a observar as revoadas de pássaros em liberdade com seus cantares vários e das borboletas tendo em suas asas tantos desenhos, irregulares e enigmáticos, num calicromo de ímpar esplendor, polinizando os jardins da vida e multiplicando-os para a eternidade.
       Talvez a inconseqüência de sentir prazer no chutar bolas e de gols marcar, ou mesmo o de correr quilômetros, contando o tempo gasto, ao cumprir percursos, deixou-as revoltadas, indignadas, a perguntar por quê aquilo, eu, fazia. Pois é, nem sempre comandamos os desejos íntimos que, cheios de ilusão, nos impulsionam a vida. Carrego-as, ainda hoje, e reconheço que sou bígamo. Não tenho como evitar e só me sinto completo com meus dois amores, levados lado-a-lado pelo espaço lírico, ao som da ilusão de ser o tempo eterno. Quem sabe me condenem a prisão perpétua, num espaço em quatro cantos, aonde o sol nem chegue quando se levanta, deixando minha pele flácida e branca, na face emagrecida onde fortes rugas são leitos de riachos do correr de lágrimas? Não! Não pode ser vingança! Fui só um inocente, entre tantos, querendo ser feliz, além da pura infância, ao vislumbrar um mundo cheio de esperança, aberto aos meus anseios e comuns ao ser vivente. Tentei-os, por isso, até por vezes, eu os consegui curtir nos seus momentos o real prazer, ciente de que estava a cumprir destino. Perdoem a franqueza desse escravo fútil, desculpem se as usei por tanto tempo em vida. Obrigado minhas pernas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

DE MÃO COM ELA


Condorcet Aranha

Chegou de repente e instalou-se em meu peito,
E sequer me avisou da sua chegada,
Deitou e estendeu-se ficou ao seu jeito,
Ao meu coração para sempre abraçada.

Montou seu barraco e deixou-me perdido,
Roubou meus caminhos e fez-me sofrer,
Encheu-me de prantos, num peito doído,
Levando sorrisos que nunca hei de ter.

Venceu a batalha de minha existência,
Mais forte e cruel sufocou-me as tristezas,
Cedi aos apelos de sua insistência,

Perdi-me nos sonhos de minha verdade,
Voei pelo mundo e colhi incertezas

sexta-feira, 1 de julho de 2011

DESEJO


Condorcet Aranha

Olhando a linda silhueta de teu corpo,
Gravada no azul do céu, sobre montanhas,
Senti dentro do peito um coração já morto,
Vencido por descrenças, dentro das entranhas.

Sem ter como vencer o sentimento estranho,
Que inibe minha força de sair pra luta,
Querendo descobrir com que ação eu ganho,
Você no azul do céu, mudando-me a conduta.

Não vou desperdiçar a juventude em vão,
Irei alimentar as esperanças sim,
As teias do amor, teu peito envolverão,
E a silhueta linda, vai chegar a mim.

Então as nossas vidas ao somar só uma,
Irão gravar no céu, no seu azul, o par,
Que deslizando leve sobre a branca duna,
Dirá às ondas verdes, vale a pena amar.

Amar com plenitude, um sentimento forte,
Amar sem preconceitos, sem cuidados mesmo,
Doando-se inteiro como o vento norte,
Que as folhas secas lança, sem destino, a esmo.

Se as silhuetas lindas só formarem pares,
Doando sentimentos puros de verdade,
Crescendo às centenas, ou melhor, milhares,
A ilusão é morta e o amor saudade.