Condorcet Aranha
ESPELHO DO ADEUS
Na sucessão de espelhos que refletem a vida
Perdi-me muitas vezes nos emaranhados,
Mas pude me encontrar na figura distorcida
E entender a dor cruel dos derrotados.
Então multipliquei imagens nos espelhos,
Complexas ou cobertas de simplicidade
Que agora aos olhos fracos, ardidos e vermelhos
Só fixam a imagem indelével da saudade.
Também me faltam o rumo e as forças desses braços,
Que durante a vida tênue, como as tais mentiras,
Tornaram delicados, hoje, os meus abraços,
Que aguardam compaixão e desconhecem as iras.
Só um desses espelhos me gravará na morte,
A imagem derradeira que não observei,
Não sei se vou pro sul ou chegarei ao norte,
Mas parto acreditando que ainda voltarei.
Porém se houver um bis pra essa vida chata,
A persistir vazia como a de agora,
Não voltarei aqui nem sendo magnata
Pra ser só outra imagem? Quero ir embora.
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