Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Num
emaranhado de desmandos, desrespeitos e falcatruas.
É
como se santificar, sem altar, sem fé,
Num
misto indefinível, entre demônios a andar nas ruas.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Sob
a tutela de governos corruptos e autoritários,
Subjugando-me,
à vergonha dos seus atos porcos,
Além
de injustos impostos arbitrários.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Já
nos limites de idade, que o País permite,
No
subjugo desonesto e da incapacidade
Em
oferecer, mas manda-me, com dedo em riste.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Vivendo
entre a malária, dengue e outras mais,
Ausentes
e esquecidas, nos tempos dos meus pais!
Hoje
de volta e ocorrendo nas grandes Capitais.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Ao
ver a natureza dizimada, pelo vil poder dos capitais,
Que
rouba-nos sem piedade, sem resistência governamental,
O
pouco que nos resta, de recursos naturais.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Observando
a carruagem da cultura e educação,
A
despencar pelo barranco, para um vale escuro,
Sem
ter sequer, como salvá-la, com um freio à mão.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Sem
condições para ajudar, quem não tem nada,
Apesar
de uma bagagem que me faz capaz,
Obstruído
pela justiça, inoperante e ultrapassada.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Nessa
democracia que é só para “inglês ver”,
A
massacrar meu povo, indefeso e vilipendiado,
Pela
real escravatura, do internacional, poder.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Olhando
os filhos entre drogas, pelas ruas, viciados,
Sem
os conselhos que se dava em casa,
Sendo
induzidos pela ambição e marginalizados.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Tentando
resistir, sob o domínio de governo espúrio!
Para
impedir que jovens ponham ao solo, seu conteúdo,
E
manchem as ruas qual o cromo do mercúrio.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Ao
ver as rédeas tesas, em mãos injustas,
Como
as dos capitalistas, que a alma vendem,
Sem
defender-me, entre agressões tão brutas.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Seguindo
a vida, contra os meus próprios ideais,
Ao
deparar com as crianças inocentes, pelas ruas,
À
disposição do crime organizado e de audazes marginais.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Vivendo
no acéfalo, “País das maravilhas”,
Onde
os corruptos, ladrões e criminosos,
Curtem
prazeres, com bolsos cheios, em várias ilhas.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Se,
embora à força, participo da tragédia,
Usando
apenas, minha voz, a motivar aos jovens,
Ciente
de que o tempo é curto, para tal tragicomédia.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto
Vencido,
temporariamente, pela saga dos inescrupulosos,
Cedendo
em mil momentos e em defesa da família,
Para
apenas adiar esse confronto, com os bárbaros maldosos.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Se,
atendo ao comando inconseqüente de um vil político,
Sem
refutar ou agrupar alguns fiéis e seguidores,
Pelo
temor da força e duros atos, do momento crítico.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Se,
vivo insegurança, em meu próprio lar,
Na
mira de bandidos que podem invadi-lo,
E,
em defesa da família, poderei, matar.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Quando
ao passar em frente aos postos de saúde,
Vejo
crianças, mulheres e velhos destratados,
Que,
certamente, antes da hora, deitar-se-ão no ataúde.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Ao
ver, tenras crianças, por semáforos afora,
Subjugadas
às imposições de falsos pais,
Que
lhes obrigam a trabalhar fora de hora.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Se
nada faço contra o curso, dessa estória!
Mas
dentro d’alma um sentimento me conduz,
Ao
qual não venço, infringindo-me a memória.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Ao
ver irmãos de pés descalços, em noites frias,
Sempre
humilhados, escorraçados, sem trabalho,
Sendo
incapaz de oferecer-lhes, algumas alegrias.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Quando
o governo deste meu País,
Com
arrogância, entre mentiras, diz,
Para
agradar o FMI, que meu Brasil, vai bem!
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Vendo
sumir e sem defesa, a nossa flora,
Para
alegria dos corruptos, daqui e do exterior!
Ante
o olhar dessas crianças, que comida implora.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Se,
ainda estou calado, e olho o bando a extorquir,
Numa
sociedade suprimida dos direitos mínimos,
Que
vencida por doença e fome, nem, pode reagir.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
A
quem restou, bem poucas laudas para um protesto,
Contra
esse mar de roubos de “governadores”
Que
ao próprio povo, causa tantas dores.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Usando
esse meu tempo e o papel tão branco,
Para
expor, esse meu sentimento interno,
Honesto
e puro, ou seja, apenas franco.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Um
“caipira”, como disse um troglodita,
Com
orgulho besta, que se diz “filósofo”,
Sem
perceber o halo da burrice dita.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão honesto,
Enoja-me
admitir que sou um cidadão e presto.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão e resto.
Enoja-me
admitir que sou um cidadão. Protesto!